quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A volta do “maior abandonado”


Política é realmente um jogo complexo. Não basta ser competente, tem que ser importante e interessante.
Geraldo Alckmin tem uma admirável trajetória política, foi muito importante na história recente do PSDB e foi o nome forte do partido até 2006. Bastaram sucessivas derrotas nas urnas e disputas internas desgastantes com o Governador de São Paulo José Serra, porém, para o importante membro ser quase um peso morto na tucanada.
Insatisfeito com o momento e prevendo que será preterido na disputa à candidatura à sucessão de Serra no Palácio dos Bandeirantes, Alckmin negociava sua transferência ao PSB. O que faz então seu partido? Entrega-lhe um cargo de “sossega leão”.
“Desempregado” desde que deixou o cargo hoje ocupado por Serra, o candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo em 2008 assumirá em breve o cargo de secretário estadual de Desenvolvimento.
Vale refrescar a memória: em 2006, Alckmin nadava de braçadas em seu partido. Mesmo tendo José Serra liderando as pesquisas de que seria o único candidato com alguma possibilidade de derrotar o já presidente Lula, o PSDB o escolheu para tentar um milagre. Por puro deslize do candidato do PT e de seu partido, que praticamente ignorou a campanha no primeiro turno, o já “caboclado” Geraldo conseguiu levar, ao menos, a disputa ao segundo, sendo portanto uma derrota mais honrosa (se é que isso existe).
Caso houvesse vencido a disputa contra Gilberto Kassab (DEM), Alckmin poderia até ameaçar a vaga quase certa de Serra como candidato à Brasília em 2010. Enfraquecido como estava, nem candidato tucano a Governador.
Na dúvida, é melhor para o PSDB deixá-lo junto a seu time, mesmo que no ano que vem ele seja queimado. Quanto ao cargo oferecido, não discuto sua capacidade e mérito (acredito que tenha ambos), mas essa é a prova máxima de que nosso governo estadual é feito apenas para seus amigos, prioriza seus interesses e, embora critique o Governo Lula, segue exatamente o mesmo modelo.
Política no Brasil é assim mesmo.

Heitor Mário Freddo

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