
Drogas, jovens, tráfico...O tema de novo nada tem, pelo contrário, é tão falado que quase chega a ser “comum”. Mas quando se pensa em drogas, vem aquela imagem formulada de jovens moradores de favelas, que iniciam sua carreira no tráfico - por falta de opção, por vontade própria, ou facilidade, seja qual for a crença do leitor – vendendo e jovens de classe média comprando.
Neste caso, a formulinha básica teve uma mudança drástica. Segue os fatos:
Nesta quarta-feira, duas operações da Polícia Federal, caracterizadas como a maior ação contra drogas sintéticas já realizada no Brasil, prendeu 55 pessoas, na maioria jovens de classe média alta.
Dois grupos foram pegos, um deles se assemelhava à “cabeça” de uma organização criminosa, o outro, seria como a “distribuidora” do produto. Os grupos, pegos na operação Trilha Albis e Nocaute, respectivamente, estavam sendo investigados desde o começo de 2008 e estima-se que movimentavam cerca de um milhão de reais por mês.
Na ação Trilha Ablis, 21 acusados foram presos, o grupo era composto por amigos surfistas, que ganhavam dinheiro com crimes, nos moldes de tráfico internacional. Já a ação Nocaute prendeu 34 pessoas de uma rede criminosa de lutadores de jiu-jtsu, envolvidos, também, com armas.
Nos meses de investigação, 112 mil comprimidos de ecstasy e 115 mil micropontos de LSD foram apreendidos, além de outras drogas. Os acusados responderam pelos crimes de tráficos de drogas, associação para o tráfico e tráfico internacional, podendo pegar até 20 anos de prisão.
Os advogados tentarão entrar num acordo para que os jovens respondam em liberdade.
Olhando para uma sociedade ainda não ajustada, como a nossa, é fácil criticar, assim como também é fácil se abster, não ligar.
Mas nem sequer pensar sobre o assunto, é quase tão criminoso quanto o que estes grupos fizeram. Além de serem culpados por “viciar” uma geração, - lógico que isto é discutível, no geral, cada um escolhe se quer ou não usar qualquer substância ilícita - são culpados pelo ingresso de novas pessoas no tráfico - o que também é um pouco discutível, afinal como já citei no inicio do texto muitos são os fatores que levam alguém a iniciar este tipo de serviço, nem todos estes fatores são de alguma forma justificáveis – além de mobilizarem funcionários públicos (no caso a Policia Federal), que poderiam se ocupar com outro tipo de serviço, e verbas nacionais que poderiam ir para educação, saúde, infra-estrutura e até mesmo cultura.
Gosto muito de uma frase do Caco Barcellos, "A experiência reforçou meu repudio à cultura da punição perversa, contra quem já nasceu condenado a todas as formas de injustiça". Mas neste caso, nem mesmo esta frase se encaixa, não são jovens da periferia, não são jovens humildes com opções limitadas. São jovens de classe média alta, que queriam fazer dinheiro fácil.
Não comecem a gritar, eu não estou defendendo os jovens mais carentes que prestam o mesmo tipo de serviço, na verdade, o ponto e exatamente este. Se tanto pessoas de classe média, como pessoas nos níveis de pobreza ou miséria, realizam o mesmo “serviço”, onde fica a crítica social? Onde se encaixa a critica ao governo? A quem se pode culpar?
Há algum tempo venho quebrando parte do meu antigo idealismo, tentava enxergar a necessidade por trás da criminalidade, o eixo que movia todo este setor. Esse tipo de noticia derruba algumas das minhas resistências e cria outras novas. Ainda acho errado criticar quem não tem um leque de oportunidades, mas vejo também, que em boa parte dos casos, é apenas uma questão de escolha.
Neste caso, a formulinha básica teve uma mudança drástica. Segue os fatos:
Nesta quarta-feira, duas operações da Polícia Federal, caracterizadas como a maior ação contra drogas sintéticas já realizada no Brasil, prendeu 55 pessoas, na maioria jovens de classe média alta.
Dois grupos foram pegos, um deles se assemelhava à “cabeça” de uma organização criminosa, o outro, seria como a “distribuidora” do produto. Os grupos, pegos na operação Trilha Albis e Nocaute, respectivamente, estavam sendo investigados desde o começo de 2008 e estima-se que movimentavam cerca de um milhão de reais por mês.
Na ação Trilha Ablis, 21 acusados foram presos, o grupo era composto por amigos surfistas, que ganhavam dinheiro com crimes, nos moldes de tráfico internacional. Já a ação Nocaute prendeu 34 pessoas de uma rede criminosa de lutadores de jiu-jtsu, envolvidos, também, com armas.
Nos meses de investigação, 112 mil comprimidos de ecstasy e 115 mil micropontos de LSD foram apreendidos, além de outras drogas. Os acusados responderam pelos crimes de tráficos de drogas, associação para o tráfico e tráfico internacional, podendo pegar até 20 anos de prisão.
Os advogados tentarão entrar num acordo para que os jovens respondam em liberdade.
Olhando para uma sociedade ainda não ajustada, como a nossa, é fácil criticar, assim como também é fácil se abster, não ligar.
Mas nem sequer pensar sobre o assunto, é quase tão criminoso quanto o que estes grupos fizeram. Além de serem culpados por “viciar” uma geração, - lógico que isto é discutível, no geral, cada um escolhe se quer ou não usar qualquer substância ilícita - são culpados pelo ingresso de novas pessoas no tráfico - o que também é um pouco discutível, afinal como já citei no inicio do texto muitos são os fatores que levam alguém a iniciar este tipo de serviço, nem todos estes fatores são de alguma forma justificáveis – além de mobilizarem funcionários públicos (no caso a Policia Federal), que poderiam se ocupar com outro tipo de serviço, e verbas nacionais que poderiam ir para educação, saúde, infra-estrutura e até mesmo cultura.
Gosto muito de uma frase do Caco Barcellos, "A experiência reforçou meu repudio à cultura da punição perversa, contra quem já nasceu condenado a todas as formas de injustiça". Mas neste caso, nem mesmo esta frase se encaixa, não são jovens da periferia, não são jovens humildes com opções limitadas. São jovens de classe média alta, que queriam fazer dinheiro fácil.
Não comecem a gritar, eu não estou defendendo os jovens mais carentes que prestam o mesmo tipo de serviço, na verdade, o ponto e exatamente este. Se tanto pessoas de classe média, como pessoas nos níveis de pobreza ou miséria, realizam o mesmo “serviço”, onde fica a crítica social? Onde se encaixa a critica ao governo? A quem se pode culpar?
Há algum tempo venho quebrando parte do meu antigo idealismo, tentava enxergar a necessidade por trás da criminalidade, o eixo que movia todo este setor. Esse tipo de noticia derruba algumas das minhas resistências e cria outras novas. Ainda acho errado criticar quem não tem um leque de oportunidades, mas vejo também, que em boa parte dos casos, é apenas uma questão de escolha.
Fonte: Folha on-line
Carina Reis
4 comentários:
Olá.. tudo bom? Seu blog é mto interessante.. por isso que o acompanho mas desta vez nao vim deixar somente um comentario. Me desculpe a ousadia.. mas preciso de ajuda. Não sei se vc sabe como me ajudar mas.. posso contar com vc? Se puder me responda por e-mail por favor (giulieta_s2@hotmail.com) Mto obrigada!
Carina, a questão do vício, conforme retratada pela FSP, não é realmente apenas um problema socio-econômico, mas uma questão educacional, visto que também a classe média-alta está enfrentando os mesmos problemas!
Esse caso me lembrou muito a história de João guilherme Estrela, do filme/livro Meu Nome Não é Johnny
Embora eu ache que todas as pessoas que entram no tráfico assim fazem por opção - não é impossível ganhar a vida honestamente -, em alguns as oportunidades são menores. Mas esse caso não passa nem perto disso.
Duas são as razões para um jovem de classe média entrar na vida do tráfico: aventura e dinheiro fácil.
Heitor Mário Freddo
Heitor,
Verdadeee, eu assisti esse filme, e concordo, aventura e dinehiro fácil são os grandes motivos.
Rafael,
Foi exatamente isto que eu quis retratar, antes eu "culpava" o governo e caracterizava tudo isso como problema socio-economico, apenas. Agora vejo também como questão educacional, talvez até msm principalmente.
Giuliana,
Mandei um e-mail para vc, mas vc não respondeu, se nos disser qual o problema, podemos tentar ajudar! ;)
Beijos,
Cá Reis
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