sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Milk

Não poderia haver momento mais oportuno para se contar essa história. Embora esteja esperando para ser contada há cerca de três décadas, a trajetória do político Harvey Milk chega a público à época da eleição de Barack Obama, um momento único na vida norte americana em que um líder de minoria oprimida assume o poder e projeta um futuro de igualdade. Milk é um Obama dentro da comunidade gay da década de 70.
Milk – A Voz da Igualdade (a tradução brasileira insiste em colocar um complemento), foi destaque na noite do Oscar do último domingo, mas poderia ter ido ainda mais longe. A cinebiografia recebeu as estatuetas de Melhor Ator para Sean Penn– muito merecida – e Melhor Roteiro Original.
No início dos anos 70, Milk é um homem que, às vésperas de completar 40 anos, sente-se sozinho e sem um sentido para a vida, com a tão comum análise “o que eu fiz até aqui?”. Ao lado de seu namorado Scott (James Franco, o Harry de Homem Aranha), decide se mudar de Nova York para São Francisco, onde abrem um pequeno comércio. Ao saber que a nova loja do bairro é dirigida por um casal homossexual, a dupla passa a ser perseguida pelos vizinhos que não aceitam a “desmoralização” que o local sofreu com sua chegada.
Em meio a um ambiente hostil, preconceituoso e extremamente hipócrita, Harvey Milk inicia um movimento para que os gays se unissem em busca de seus direitos básicos como cidadãos. Sempre iniciando com a frase “Meu nome é Harvey Milk e eu quero recrutar você”, o já quarentão descobre uma razão pela qual viver – e mais tarde morrer –, mesmo que para isso necessitasse dar muito a cara à tapa.
Dirigido por Gus Van Sant (Gênio Indomável, Paranoid Park, Elefante, e os deplorável Últimos Dias, sobre a morte do roqueiro Kurt Cobain e Psicose, a nova versão da obra prima de Alfred Hitchcock), o filme é conduzido na tentativa do ativista de conseguir representação política, até alcançar a votação para ser um dos seis Supervisores de São Francisco – uma espécie de sub-prefeito, transportado para os dias de hoje.
O inimigo comum nessa luta, além do preconceito, é o conservadorismo baseado em princípios cristãos, defendido por políticos que tentavam fazer vigorar leis para tornar a opção sexual um crime, tal qual a prostituição e o roubo, como propunha uma das mais populares estrelas da propaganda à época, e principalmente contra a Proposta 6, de autoria do senador John Briggs (Dennis O'Hare, o médico psiquiátrico de A Troca), que propunha a demissão de todos os professores gays do país por práticas de subversão, atentado aos bons costumes e pedofilia. Os argumentos utilizavam frases de impacto como “Os gays não tem filhos e por isso querem recrutar os nossos” e “Ser a favor deles é ir contra Deus”, motivo pelo qual católicos e tementes a Deus compareciam em massa às votações.
Além da atuação perfeita de Sean Penn, o elenco é formado por atores extremamente envolvidos e convincentes em seus papéis, como o latino Diego Luna (E Sua Mãe Também, O Terminal), o intrigante supervisor White – olho nele –, interpretado por Josh Brolin (o protagonista de Onde os Fracos Não Têm Vez, candidato ao Oscar de Ator Coadjuvante) e a surpresa: o Speed Racer Emile Hirsch, num papel memorável.
Como último detalhe, o Brasil também marca presença nessa história na pesoa de Bidu Sayao, a lírica brasileira mais famosa do mundo.
Além de um ótimo filme, Milk é uma aula de que conquistas não nascem da noite para o dia, nem chegam da forma mais branda possível.

Foto – Sean Penn (esq) interpretando Harvey Milk (dir), líder político que defendeu os direitos dos homossexuais nos Estados Unidos, sendo assassinado por isso.

Heitor Mário Freddo

5 comentários:

Imprensa Marrom e Cia disse...

Grrr...

Eu já expressei aqui o quanto eu não suporto os cinemas de Jundiaí?
Todas as vezes que eu penso em assistir um filme o maldito saiu de cartaz.
Eles tem a coragem de deixar filmes bons em cartaz por UMA semana. UMA ÚNICA SEMANA.

¬¬

Cá Reis

Anônimo disse...

Esse filme ainda não chegou e m Jundiaí, Cah.

Eu assisti no Shopping Dom Pedro, em Campinas

Beijoos

Francisco Valle disse...

Pelo menos jundiai tem cinema

em bragança já tiveram 5 ... hj não tem 1 sequer

Heitor Mário disse...

Sério?

Que absurdo isso.

Francisco Valle disse...

sério
é um atentado a cultura