sábado, 14 de fevereiro de 2009

Operação Valquíria

Uma conspiração de insatisfeitos do exército nazista pretende aplicar um golpe do estado em plena 2ª Guerra Mundial. Para isso, o plano é assassinar Adolf Hitler e colocar em prática a Operação Valquíria, que os levará ao poder e, consequentemente, colocará fim ao regime e trégua ao conflito.
Qualquer pessoa com o mínimo do mínimo de conhecimento em história sabe que o projeto será um fracasso, que a guerra continuou e o Führer cometeu suicido quando a Alemanha já estava completamente dominada. Mas para a produção de Operação Valquíria isso não importa.
Toda a história, dirigida por Bryan Singer (X-Men e Superman – O Retorno, ou seja, uma carreira toda voltada ao heroísmo), cria uma expectativa idiota em torno de um desfecho óbvio. Durante as quase duas horas, o público é levado de uma forma a torcer para que o mocinho derrote o bandido, sem se preocupar com qualquer contexto histórico. Aquele mais desavisado pode pensar que foi enganado quando estudava (“então foi assim quem ele morreu, não como me ensinaram”), tamanho o esforço para que você acredite que a turma de Tom Cruise mudará o rumo da história escrita há mais de meio século. A inteligência do público é subestimada todo o tempo.
Em alguns artigos escritos a respeito do filme, é citado o fato de que “a obra discute o nazismo e suas conseqüências”. Mentira. Não se engane com isso. Eles tentam vender a você a perspectiva de que “parte dos oficiais nazistas eram contrários ao regime totalitário”, mas nada discutem a respeito do tema, ficando focado em apenas uma frase: “Mostramos ao mundo que nem toda a Alemanha era a favor de Hitler”. No mais, é uma tentativa barata de fazer um filme de super heróis.
Mas a parte mais decepcionante de todas vem do elenco. Em nenhum momento você é convencido de que está assistindo a um filme que se propõe discutir nazismo e segunda guerra mundial. O protagonista Claus Von Stauffenberg é interpretado por Tom Cruise, que em nenhum momento lhe convence de que está interpretando um alemão nacionalista. É impossível vê-lo de outra maneira na tela senão como o galã, astro de Top Gun e Missão Impossível, ex marido da Nicole Kidman, usando um tapa olho ridículo. É um típico cidadão americano travestido com o uniforme cinza. Um ianque fazendo discurso em meio a germânicos.
Quanto ao restante, Hitler lembra vagamente a figura histórica na aparência, mas em nada no contexto histórico. O caso se passa em 1944, ano em que o Führer estava com sua sanidade mental (ainda mais) abalada, ficando completamente sem condições de tomar atitudes diante da guerra. Porém, o que se mostra é um ditador sóbrio, que ainda discursa à população, além de ter não mais que cinco aparições em todo o tempo. Ou seja, Hitler é apenas figurante em um filme nazista.
O único público capaz de se divertir com a história é o fã da ação, do heroísmo. Para quem realmente se interessa por filmes históricos, três produções atuais muito mais sérias retratam o período nazista, sem superstar ou criação inúti de expectativa. Um Homem Bom, O Menino do Pijama Listrado e O Leitor. Quanto à Operação Valquíria, certamente um livro de história será muito mais interessante.

Heitor Mário Freddo

Um comentário:

Carina Reis disse...

Heitor se rebelou!
uahauahauh
Acho que é a priemira vez que você se mostra completamente descepcionado com um filme.
Mas o próprio trailer do filme ja mostrava o estilinho que seria. Pra mim não passa de um enlatado.
E, sinceramente, detesto Tom Cruise atuando. Ele é a encarnação do: Beleza não põe mesa.
Diferente do Brad Pitt, que foi uma grande e deliciosa surpresa esse ano, com Benjamin Button, Tom Cruise parece que sempre deixa um pouco a desejar.

Beijoca