quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Pela Ordem, Senhor Presidente


Os políticos brasileiros, sobretudo os parlamentares, costumam reclamar que o Brasil é um país preconceituoso quanto a eles, com o senso comum de que “deputados e vereadores no Brasil são inoperantes e recebem muito”, além da já conhecida impressão de que político brasileiro, em sua maioria, “não presta”.
Mas nossos representantes pouco ou nada fazem para mudar esse pensamento.
Segunda feira a Câmara teve seu dia de votações para presidente. A sessão durou oito horas devido à necessidade de todas as bancadas terem a necessidade de fazerem discursos prolongadíssimos.
Antes dessa sessão, no entanto, a Câmera já estava com seus trabalhos em andamentos, porém sem a presença de grande parte dos parlamentares, principalmente os do chamado “Alto Clero”. O reencontro ficou mesmo para a eleição de Michel Temer (PMDB-SP).
Para isso, no entanto, o regimento interno da Câmara não os deixou de mãos abanando. Foi concedida uma ajuda de custos no valor de R$ 16.500. Sim, dezesseis mil e quinhentos reais por oito horas de “trabalhos”.
A regra estava lá, o deputado sozinho não poderia mudá-la. Mas também não eram obrigados a aceitarem. Eles aceitam, a imprensa divulga, o povo reclama e os jornalistas são culpados por criarem esse “ceticismo e preconceito”, como ouvi do Deputado Federal José Genoino (PT-SP) em uma entrevista que fiz no ano passado.
Mas não pense que as Câmaras Municipais ficam atrás. Tratados como ocupantes de um cargo que pouco pode fazer, os vereadores não raramente criam leis inconstitucionais.
Foi o que ocorreu ontem na primeira sessão da Câmara Municipal de Jundiaí. Foi aprovada por unanimidade uma lei impossível de ser cumprida.
Proposta por José Dias (PDT), ela exige a colocação de para-raios ou de sistema que detecta a aproximação de descargas elétricas e alerta as pesoas para que evacuem uma área.Os sistemas têm que ser colocados em locais abertos e de aglomeração de um grande número de pessoas.
O projeto não tem nenhum embasamento técnico, mas ainda assim todos os 16 vereadores da cidade o aprovaram, apenas para ser barrado pelo conselho jurídico da Câmara e depois vetado pelo prefeito. Nada mais do que perda de tempo.
A única maneira de mudarem-se os lugares comuns da política brasileira é com a mudança de postura de nossos nobres representantes. O cargo é uma vidraça mesmo e as atitudes têm de ser acompanhadas muito de perto pela imprensa, como já é feito, para que a população tenha contato direto com os donos do poder.
O jornalista não cria fatos, apenas os informa e em alguns casos o interpreta, mas quem os cria são os próprios parlamentares.

Charge – Angeli para a Folha de S. Paulo. Não foi o cartunista, nem qualquer jornalista quem criou essa impressão, mas sim os próprios deputados.

Heitor Mário Freddo

2 comentários:

Carina Reis disse...

Concordo em gênero, número e grau. (Provavelme pela primeira vez!!! Mas só pq dessa vez vc não defendeu o Lula)

A politica nacional anda um circo, mas ela não É um circo. Basta que seus representantes se conscientizem e exerçam de forma decente o trabalho para o qual são pagos.

Beijos,
Cá Reis

Anônimo disse...

Apesar do seu ótimo texto, essa charge não precisa de mais nada! Já diz tudo! eheheh... Essas são nossas "otoridades"!