sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A Porta da Esperança


Uma grande rede de televisão do Brasil iniciou essa semana uma campanha publicitária pedindo para que o brasileiro não deixe de consumir e, de certa forma, defendendo o presidente Lula. Mas engana-se quem pensa que seja a Rede Globo, tão criticada por sua manipulação, nem a Rede Record, que se aproximou muito do Governo Federal a fim de conseguir manter seu crescimento (sobretudo à época do lançamento da Record News).
A campanha, veiculada nas principais revistas do país, veio do SBT. A emissora de Silvi Santos, que nunca pareceu preocupada com os problemas do país, sempre focando sua programação no entretenimento e em um jornalismo “nas coxas” agora decidiu investir na “conscientização da população”.
É verdade que em época de crise é o consumo quem irá fazer a economia não parar, mas aqui precisamos analisar as prioridades.
Por que motivos um o Sistema Brasileiro de Televisão investe sua verba publicitária para “ajudar a economia a não parar”?
Todos sabemos que o canal do “Homem do Baú” sempre foi um grande cassino virtual, tanto pelos carnês da marca quanto pelos sorteios da Tele Sena. Nas décadas de 80 e 90, os produtos de Sílvio Santos eram um fenômeno, mas hoje não têm mais a menor utilidade.
O carnê do Baú, enquanto a inflação corroia os salários, significava, ao final das 12 parcelas, resgatar seu investimento em produtos com preços congelados, ou seja, era um investimento bastante interessante, por mais que você não quisesse participar do Programa Silvio Santos. Já a Tele Sena, além de ter a concorrência da Global Papa Tudo, surgiu em um período em que a grande loteria do país era a Loteria esportiva. Quem não acompanhava futebol não tinha nenhum outro jogo com grande retorno, mas hoje a Mega Sena paga, em um sorteio simples, 4 ou 5 milhões de reais, pelo menos 8 vezes o que paga o título de Capitalização.
Se naturalmente esses produtos só sobrevivem pelo seu público cativo, que desde o início acompanha Sílvio Santos e sonha em participar do Tentação, imaginem agora em pleno período de crise, com redução dos orçamentos familiares.
Além do que, a página ficou extremamente feia, como uma imagem toda quadriculada e colorida do presidente, além de letras minúsculas. A frase final diz: “E nós, do SBT, também estamos fazendo a nossa parte. Acreditando que a crise fica menor quando a gente trabalha mais e reclama menos”. Ou seja, além de afirmar em público que apóia o Governo Lula, o anúncio tira qualquer argumento da Central de Jornalismo de fazer críticas à forma em que o presidente conduz a crise, além de fazer a sua parte em “não reclamar”.
Seria mais interessante que o SBT usasse esse investimento publicitário apenas para tentar fazer o trabalhador desempregado – que tem toda a razão para reclamar da crise e do presidente – apenas continuasse comprando os produtos do Baú. Seria, além de menos comprometedor do que escancarar suas intenções, um pouco mais inteligente.

PS: A imagem acima foi escaneada da Revista VEJA, na página 119 da edição de 4 de fevereiro. O texto é extremamente difícil de ler, não só no computador, mas também na edição impressa. Diz o seguinte: “o pior efeito de qualquer crise é o pessimismo. Ele barra novos investimentos, impede contratações, traz incertezas, tudo que só faz a situação ficar ainda pior. E ser otimista, em um momento assim, não significa ser irresponsável. Significa conhecer a própria força e competência para superar as dificuldades, além de colocar tudo em prática. Como o Governo Lula está fazendo, com medidas que ajudam a fortalecer a economia e mostram a força de nosso país em momentos conturbados. E nós, d oSBT, também estamos fazendo a nossa parte. Acreditando que a crise fica menor quando a gente trabalha mais e reclama menos.”

Heitor Mário Freddo

3 comentários:

Carina Reis disse...

:O
Meu Deus!!
Sério, assustei, você não ta defendendo o LUla!!!!

uahauha
Falando sério agora, que palhaçada do SBT, é chamar o povo de burro na cara dura.
Isso é que compromete, uma emissora q antes num tava nem ai pra esse tipod e problema agora tentando livrar o proprio traseiro (com o perdao da frase).

ps: o texto parece mor liçãozinha de moral. ¬¬ E falar que o povo não pode reclamar é o fim da picada, o povo não só pode como DEVE reclamar.

Beijos,
Cá Reis

Francisco Valle disse...

O povo não só deve reclamar e sim lutar, caso contrario o conformismo implantado pelo governo, grandes empresas e essa imprensa oportunista darão conta de aumentar cada vez mais os malefícios da crise, principalmente na população mais humilde, consumidores natos dos produtos de Silvio Santos.

Anônimo disse...

Certamente, tal defesa do presidente e sua apologia como grande nome da história política do Brasil não está vindo de graça. O que está por vir, a curto, médio ou longo prazo, é uma incógnita. Sílvio Santos não dá ponto sem nó!