sábado, 7 de fevereiro de 2009

Verônica


O cinema nacional não tem tradição alguma em filmes do gênero thriller. Algumas tentativas foram feitas, como o fraquíssimo Nina, com Guta Stresser ou Confronto Final, em que o ótimo Jackson Antunes pisa na bola ao acreditar que é mesmo o “Charles Bronson brasileiro”. Até por isso, pouco pode-se cobrar de um diretor quando ele arrisca investir nessa área.
Verônica, de Mauricio Farias (diretor do programa e filme A Grande Família), não é nenhum inovador, não apresenta um roteiro criativo, nem aprofunda-se sobre questões como tráfico de drogas, corrupção policial e a vida do morador da favela. Mas que fique bem claro, essas não são mesmo as intenções do filme.
A curta produção – menos de 90 minutos – tem como objetivo criar uma versão brasileira de filmes de ação, em que a atenção do público volte-se toda às perseguições e riscos corridos pelo herói que, sozinho, terá de enfrentar toda uma organização muito poderosa. Dentro desse projeto, o filme é perfeito.
A diferença, que torna o filme mais interessante, é contar uma história extremamente comum e possível sobre periferia e segurança, sem ao menos torná-lo mais um do gênero “Favelas Filmes”, iniciado após a indústria brasileira ver o sucesso de Cidade de Deus.
Andrea Beltrão dá vida à protagonista do título, uma professora de ensino infantil que exerce a profissão há 20 anos e vê sua vida tornar-se um tédio, principalmente após a separação do marido, o policial Paulo (Marco Ricca, em mais um show de interpretação).
Um dia, após a aula, ela nota que ninguém foi ao colégio buscar o garotinho Leandro (o estreante Matheus de Sá), ficando responsável pelo garoto. Depois de longa espera, Verônica leva o garoto à sua casa em uma favela próxima à escola, onde descobre que seus pais foram brutalmente assassinados e que o menino também está jurado de morte por conta de um pen drive que carrega consigo contendo imagens comprometedoras.
A partir daí, o filme torna-se uma versão brasileira dos filmes de ação norte-americanos, mas com vantagens para nossa produção: a heroína é uma mulher frágil, mas nada boba. Também não faz o tipo Angelina Jolie ou As Panteras, como mulheres invencíveis, sem medo de nada e, claro, com o corpo sempre à mostra. Verônica é uma pessoa simples, de meia idade, que salva Leandro não apenas por piedade, mas porque sua vida também está em jogo. Seu final, porém, é bastante óbvio.
Apesar de filmes com Bruce Willis, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger serem campeões de bilheteria, o público brasileiro não deverá se interessar pela nossa heroína sem músculos. Na sessão de estréia em Jundiaí, por exemplo, apenas 10 pessoas a prestigiaram – e boa arte não estava no cinema pelo filme. O nome também, convenhamos, é bem pouco atraente. E claro, seu momento de lançamento não é o mais adequando: Se Eu Fosse Você 2 é o filme nacional do momento, e raramente o público prestigia duas produções nossas ao mesmo tempo, além da concorrência com as produções que disputarão o Oscar 2009.
Em breve, Andrea Beltrão também protagonizará "Salve Geral", de Sérgio Rezende, sobre os ataques do PCC em São Paulo em 2006. Talvez Verônica torne-se apenas um aviso do que vem por aí.

Heitor Mário Freddo

3 comentários:

Imprensa Marrom e Cia disse...

Interessante, este realmente não é um gênero muito explorado pelo cinema nacional. Acho que deve valer a pena conferir.
E só tinha 10 pessoas no cinema pq vc é um grosso e não chama ngm, se tivesse combina com certeza eu, a patty, o rodrigo e a larie iamos com vcs.

Bleéé pra vc Heitor! uahauahuah
:D

Beijos,

Cá Reis

Imprensa Marrom e Cia disse...

*se tivesse combinado

Anônimo disse...

Hahahahaha

A gente decidiu que iria bem em cima da hora.

Senão você sabe que chamaríamos.

Beijosnablyro