Atentado e sociedade

Os últimos dias têm sido conturbados na Imprensa campineira. Tudo isso porque, na noite da última quarta-feira (21), a sede da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC) foi alvo de um atentado por meio do lançamento de uma granada. Por sorte, o artefato não chegou a entrar no edifício e também não explodiu. Uma ação lamentável, que além de colocar vidas em risco, atingiu profundamente o jornalismo como um todo. O que se percebe é que o atentado teve por objetivos sufocar a liberdade de imprensa, fazer privar o leitor da informação de interesse público, e principalmente, dar margem para que o crime organizado cresça cada vez mais e sem repressão. Atitudes como essa fazem lembrar a censura imposta pela ditadura. Porém, naquele período, por mais doentio que seja, a imposição era dada pelo governo. Agora não. Estamos suscetíveis à ação de organizações paralelas, que impõe “respeito” por meio de ações terroristas como a realizada na cidade. O Correio Popular de hoje (23) traz falas de políticos da região pedindo respeito com a imprensa, enaltecendo seu valor, e pedindo da polícia uma investigação ferrenha e rápida. No entanto, o problema é mais embaixo senhores representantes populares. Trata-se de educação, estrutura moral, oportunidade de vida e emprego. Ao invés de reprimir para aparecer no jornal, nossos representantes deveriam se inspirar em barbáries como essas para dar o primeiro passo na construção de uma sociedade mais justa. A crítica pela crítica é nula. Tem de fazer dela o passo para a melhoria. Façamos um exercício de reflexão: se os jovens que cometeram o ato tivessem, em sua infância, uma educação de qualidade, moradia decente, e uma chance de seguir uma profissão escolhida pelos próprios, vocês acreditam que estaríamos aqui discutindo isso? É tão difícil enxergar através dos fatos? Eu penso que não. Isso levanta suspeitas, mas não é esse o objetivo. Que ataques como esses não se repitam, mas não porque o policiamento foi reforçado ou tem mais um segurança na porta. Seria excelente afirmar que atentados deixaram de ocorrer porque, agora, as pessoas que estavam em uma área de risco têm um emprego decente e uma vida mais feliz.

Eric Rocha