terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Com a ajuda das carrancas


O Governo Lula tem, dentre suas obras, uma que certamente o levará à história do Brasil: a transposição do Rio São Francisco. Resta ao tempo dizer se o presidente será estudado como “o homem que conseguiu estabilizar o problema da seca na região nordeste” ou “o homem que causou o maior desastre ambiental de todos os nossos tempos”.
Por um lado, a maior parte do Governo, liderado pelo Ministério da Integração Nacional, defende que a mudança no fluxo é insignificante para a vida o antigo Rio Opara: apenas 1% da água despejada no mar será desviada e será a solução de milhares de famílias que morrem ano a ano vítimas de sua falta.
Em contraposição, defendem alguns ambientalistas e técnicos que o projeto, ainda muito mal divulgado, pode se transformar no nosso Mar de Aral, desviado pelo antigo governo soviético para atender irrigações de arroz e que, ao longo dos anos, acabou secando-se pelo desvio mal planejado.
O fato é que Lula já anunciou que até 2010 a obra já estará próxima de ser concluída, ou seja, o próximo presidente não poderá fugir da continuidade da transposição.
Para o momento, as mudanças terão o custo de 5 bilhões de reais e poderão tanto atender regiões onde literalmente não chega água doce (levando famílias a beber águas salgadas de poços ou a chamada “água do cacto”) quanto acabar com atividades como a navegação pelo São Francisco (com menor nível de água barcos podem não se sustentarem) e uma trágica seca gradual.
Independentemente da sua opinião sobre o assunto, as obras já estão em andamento. Resta-nos apenas torcer (e muito) para que seja um sucesso. E esperar que as carrancas do Velho Chico espantem todas as possíveis catástrofes em que um erro de cálculo pode se transformar.


Heitor Mário Freddo

Um comentário:

Anônimo disse...

A transposição do Rio São Francisco tem vários pontos negativos, entre eles o aumento do número de piranhas e outras que não me lembro bem. Uma excelente análise foi feita por Euclides da Cunha no livro Os Sertões.