domingo, 18 de janeiro de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button


Não se prenda apenas ao adjetivo “curioso”. Ao ter contato com o filme você terá a oportunidade de ver muito mais do que uma história fantasiosa de Hollywood; essa super produção norte-americana mostra que é possível sim fazer do cinema comercial algo de extrema qualidade em todos os sentidos.
Virtual vencedor do Oscar de Melhor Maquiagem, e um dos favoritos às estatuetas de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado, O Curioso Caso de Benjamin Button (título traduzido ao pé da letra do original, sem a incômoda interferência do mercado nacional) é mais um sucesso do diretor David Fincher, especialista em prender a atenção do público até a última cena. Depois do “tirador de fôlego” Seven – Os sete crimes capitais, do surpreendente e ousado Clube da Luta e de sucessos como Alien 3 e Zodíaco, o ex produtor de clipes da Madonna e do Aerosmith prolongou bastante nesse quesito, a ponto de fazer o público não perder a atenção em nenhum dos 166 minutos - 2h46min para ser mais simples - do filme.
A história, baseada no conto de F. Scott Fitzgerald [artista da chamada “geração perdida norte americana”, considerado um dos maiores escritores americanos do século XX], é contada em um momento crítico: de uma cama de hospital, a já idosa Daisy [Catherine Blanchett, da saga O Senhor dos Anéis] vive seus últimos momentos ao lado da filha Caroline [Julia Ormond, que já recebeu uma indicação ao Framboesa de Ouro de Pior Atriz Coadjuvante, por Eu Sei Quem Me Matou, em 2007]. Como uma criança que pede à vovó para contar uma história para dormir, Daisy pede à filha (que por sorte nossa tem poucas cenas) que leia um diário ao qual ela nunca teve coragem de abrir.
O dono dessas memórias é Benjamin Button [Brad Pitt, que dispensa apresentações], um caso raro – e não estudado – de ser humano cujo relógio de vida percorreu ao contrário. Há, por sinal, uma tentativa de se explicar o fenômeno, mas que não causou o efeito poético que propunha.
Ao nascer, o que se vê é um bebê deformado, não por algo conhecido, mas por ter nascido com a aparência e as doenças de um homem de 80 anos. A partir daí, a vida de Benjamin, abandonado pelo pai e criado pela empregada de um asilo (ironia do destino), segue o caminho inverso na linha do tempo: à medida que o tempo passa, seu corpo rejuvenesce.
Daisy tem como papel nessa história o de seu grande amor/barreira: nascidos praticamente na mesma época, na infância de ambos um romance ingênuo seria certamente caso policial; na adolescência, Button ainda apresentava muitos cabelos brancos, sendo o encontro amoroso realizado, finalmente, na faixa dos 40 anos, ou seja “o meio do caminho” para ambos. Era preciso, portanto, aproveitar esse momento único de “compatibilidade”.
Sem nenhum trocadilho bobo, Brad Pitt encarna em Benjamin Button o papel mais maduro de sua carreira. Mesmo depois dos sucessos com o próprio David Fincher – destaque para o inesquecível Tyler Durden de Clube da Luta – e de clássicos como Confissões de Uma Mente Perigosa, o filme é um desafio muito bem superado pelo seu talento. O Curioso Caso de Benjamin Button, fora das telas, é um curioso caso de sucesso com todo o tipo de público: os fãs do cinema-arte não irão se decepcionar com nada da super produção; o fã do espetáculo irá se deliciar com efeitos especiais, cenas de guerra e sobretudo a maquiagem; as fãs de Brad Pitt passam horas vendo seu pupilo em todas as gerações – dos 80 aos 15 anos, o intérprete é ele. Quem talvez torça o nariz é o público que odeia longas histórias, mas acredite, o filme não cansa, é maravilhoso e tem minha torcida para ser o grande premiado de 2009.


Heitor Mário Freddo

4 comentários:

Imprensa Marrom e Cia disse...

Eu queria saber como vc faz rpa assistir tanto filme.
Adoro suas criticas. Acho que é o tipo de texto que vc escreve que amis gosto.

Saudades de ler e postar aqui, ams estou voltando e com muitaaa energia!

Beijos,
Desculpe a ausência

=*
Cá Reis

Francisco Valle disse...

Concordo com vc ... o heitor é um otimo comentarista de cinema

Imprensa Marrom e Cia disse...

Muito obrigado pelos elogios, mas é bondade de vocês!

Hehehe

Adoro escrever sobre cinema e tenho que admitir: boa parte do orçamento fica por lá. O meu e ultimamente o da Júlia também! Hahaha

E podem ficar tranquilos porque só escreverei sobre o assunto depois de assistir ao filme.

Heitor Mário Freddo

Gus disse...

Muito legal o texto.
Detalhe que temos 52(espantosos) minutos de uma cabeça totalmente feita em computação gráfica.

Valeu Heitor.