quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Tradição às avessas


Escrevo sobre um tema que apesar de parecer desinteressante para os que não moram em minha cidade (Bragança Paulista) carrega uma curiosidade significativa para os amantes do futebol e da política.
Na última segunda feira, dia 5, o Estádio do Bragantino deixou de se chamar Marcelo Stefani e passou a homenagear outro ex-presidente do clube, Nabi Abi Chedid (falecido em 2006). A decisão da troca foi do atual presidente do Braga e filho de Nabi, Marco Chedid. A mudança, realizada de forma arbitrária e tendenciosa em seus bastidores, pegou de surpresa e revoltou a população bragantina.
O motivo da revolta é simples, Nabi, que já foi deputado federal e ocupava o cargo de vice-presidente da CBF antes de sua morte, já fora inúmeras vezes acusados de corrupção, lavagem de dinheiro, calotes e outras politicagens constantes no mundo da bola. Porém a discussão na cidade gira em torno não só do caráter da família Chedid, mas do abandono da Homenagem à Stefani, doador do terreno, jogador e principal figura na construção do clube e do campo.
O nome do tradicional estádio, que recebeu a final do campeonato brasileiro de 1991, foi trocado sem qualquer consulta previa em relação a família Stefani, torcida e outros envolvidos.
Esse pequeno texto tem não só um papel informativo, mas também carrega uma opinião quase unânime da torcida do bragantino; essa imposição realizada pelo presidente é extremamente absurda, ditatorial e pessoal, isso porque o único interesse da mudança de nome do estádio é a idolatria de Marcos por seu Pai, um homem que não merece ser homenageado em nenhuma circunstância, pois ao se fazer isso a mensagem passada é de que canalhice e pilantragem são fatores relevantes para uma pessoa ter reconhecimento.
Marco Chedid é presidente do Bragantino desde 2003 e essa não foi a primeira vez que realizou mudanças que quebraram a tradição do Massa Bruta, em 2007 colocou a frase “eternamente Nabi” em todos os uniformes do time e posteriormente mudou as cores dos mesmos para dourado e laranja.
O que vemos em Bragança é uma pequena parte de toda a politicagem realizada no futebol brasileiro, um cenário marcado por dirigentes corruptos e autoritários que passam por cima da tradição dos clubes e da justiça para realizarem desejos pessoais.
Francisco Valle

6 comentários:

Eric Rocha disse...

Hoje o blog tá um absurdo atrás do outro, não? hahahha! Fiquei muito abismado ao ler isso no jornal outro dia. Chedid não merecia ter sido homenageado. Trata-se do que há de pior no futebol: cartolas políticos que conseguem ser mais sujos que o normal. Basta a torcida bragantina ser fiel ao antigo nome.

Pedro B. M. Serrano disse...

Esse assunto não interessa só a você ou aos seus conterrâneos de Bragança, não. O Nabi, que está na presidência do seu clube, foi candidato a vereador por Campinas e é um nome bastante influente por aqui. Nos mesmo moldes imorais como foi seu pai. É de se esperar dele uma atitude dessa, realmente. Além disso, Nabi já foi presidente da Ponte, deixou a clube em frangalhos, bem como, se não me engano, do Novo Horizontino, praticamente falindo este. É o supra-sumo da desonestidade.

Há manifestações por aí, por parte da torcida? Tipo um protesto em frente ao estádio, algo do tipo?

Francisco Valle disse...

Pedro .. eu disse que o assunto é apropriado para amantes do futebol e da política, sendo assim não restringi a noticia a bragança, até porque acho q de bragança só eu participo do blog. o Nabi não est´pa na presidencia do Braga e sim seu filho Marcos, assim como também foi o Marcos que foi presidente da ponte e vereador de campinas nos ultimos meses de 2008. Quanto ao novo horizontino sinceramente não tenho conhecimento, mas acredito que não foram os chedids, pois na época do auge do time de novo horizonte eles estavam a frente do bragantino.
em relação à torcida, existe sim um protesto e fomos em frente ao estádio protestar, inclusive a torcida organizada marcou uma reunião com o marquinho. A mídia local e a família Stefanie também compraram a briga.

Pedro B. M. Serrano disse...

confundi o nome, Francisco. É o Marco, o Marquinho. Que tem, aliás, umas irritante música eleitoral quando está sendo candidato.

além da Ponte, ele presidiu algum clube de pouco expressão, indo embora dele deixando-o praticamente na falência. Tenho impressão que se trata do Novo Horizontino, mas não tenho certeza disso. No auge do Novo H. ele não devia estar mesmo na presidência, já que esta só fez afundar o clube. A mídia local não é cooptada pelos Chedids?

Realmente você disse, no post, não ser assuntpo limitado somente à Bragança. Parabéns pela postagem porque o Marquinho tem mais é que ser denunciado. E foi bem escrita. Abraço

Imprensa Marrom e Cia disse...

Quando soube da notícia, ia na hora mandar um email sugerir a você que escrevesse sobre o tema.

FIquei muito feliz quando acessei o blog e vi que você já o tinha feito.

É realmente lamentável, mas já era de se esperar. Mesmo em vida, a diretoria nunca teve o menor pudor em tentar confundir a história do Braga com a de Nabi.

Um exemplo claro é um disco que tenho guardado em comemoração ao título Paulista de 1990 (meu pai trabalhava em Bragança nessa época): do Lado A temos o hino do Bragantino. Do Lado B, uma música chamada "Nabi é Braga". Ou seja, ambos tinham a mesma importância.

Sobre o Novo Horizontino, a única ligação com o Bragantino é ter sido o adversário na final de 90.

Heitor Mário Freddo

Francisco Valle disse...

Pedro ... a altiora (tv local) e a 102 fm (rádio que acompanha o braga) estão ligadas sim ao grupo chedid, mas ao Jesus Chedid,ex-prefeito e irmao do Nabi, entretanto Nabi e Jesus eram brigados desde suas infâncias, assim a mídia não protege o marquinho e no meu modo de ver está agindo certo desta vez.

Heitor ... a discussão da troca de nome vem desde o ano passado, só não escrevi antes porque fui viajar no dia 26 e voltei ontem, dia em que postei. Tbm tenho o disco que vc citou, a parte do nabi é nojenta.