
Dona de um corpo escultural, desejado por todos os homens e carismática como só ela para atrair todas as atenções do noticiário do mundo pop, Angelina Jolie escolheu o papel certo para mostrar que é acima de tudo uma atriz talentosa.
Em A troca, Angelina conquistou muito mais do que uma indicação ao Oscar de melhor atriz: mostrou que está pronta para abandonar a fase de Lara Crofts, Sra. Smith e outros papéis em que o importante era apenas mostrar suas curvas e seu lábio carnudo dizendo “boom”.
Segundo ponto importante: Clint Eastwood. Depois de uma carreira toda voltada em dirigir seus próprios filmes, nos quais explorava ao máximo sua cara de perverso – mesmo que ele fosse o mocinho -, suas produções ditas mais maduras e artísticas estão totalmente consolidadas. As histórias de vinganças pessoais, assassinatos frios ou velho oeste foram enterradas com Dívida de Sangue, em 2002, filme que antecedeu Sobre Meninos e Lobos, deixando para trás produções desnecessárias (exceção feita a Os Imperdoáveis, pelo qual ganhou seu primeiro Oscar como diretor). Nessa nova fase, todos seus filmes são bastante elogiados e premiados até com Oscar de Melhor Filme e Direção (Menina de Ouro, em 2005).
Além deles, corre por fora o desempenho de John Malkovich, que marca 2008 como seu ano de retorno aos bons filmes (A Troca e Queime Depois de Ler) depois de um período lamentável com papéis em filmes como Uma Escola de Arte Muito Doida e O Guia do Mochileiro das Galáxias.
Sobre a história, uma biografia muito bem trabalhada para fazer você sair do cinema com aversão ao ser humano. O filme é baseado em fatos reais e conta o drama de Christine Collins (Angelina), uma mãe solteira que luta contra preconceitos para trabalhar e criar seu filho Walter no ano de 1928. Em uma manhã, despede-se de seu filho para trabalhar e, ao voltar, o garoto havia desaparecido.
Cinco meses depois a polícia de Los Angeles encontra um garoto e afirma ser seu filho. Christine, porém, está certa de que aquele não é o garoto, mesmo ele assim se apresentando. A mãe tenta provar que está certa enquanto vê a polícia – uma verdadeira máfia com poderes oficiais – encobrir sua história de todas as maneiras. O motivo é a já manchada imagem da instituição junto à imprensa (olha ela aí). Malkovich interpreta o Reverendo Gustav, que utiliza sua influência religiosa e um programa de rádio diário para informar a população sobre a sujeira que as autoridades tentam esconder. Ao saber da história, abraça a causa e a defende até o fim.
A partir daí, há um desfile de lamentáveis e inacreditáveis atitudes tomadas como censura. Em determinado ponto, a história toma um rumo ainda mais deplorável, mas sempre tratada de forma brilhante pela produção.
Como último destaque, um alerta. Para quem aplaude a nova fase do diretor, cuidado. Ao que parece, Clint Eastwood sente saudades dos velhos tempos e lançará em breve Gran Torino, filme em que ele interpreta um veterano da Guerra da Coréia (?) e sozinho encara uma gangue de rua que tentava roubar seu carro, tornando-se a partir daí o herói do bairro. Precisava mesmo um filme assim nesse momento?
Heitor Mário Freddo
3 comentários:
Juro que tentei ficar sem escrever sobre cinema por algum tempo, mas esse filme é muito bom.
Não tinha como, foi inevitável.
Perdoem-me aqueles que já cansaram dessas críticas.
Heitor Mário Freddo
Realmente é mum filmaço. Ótimo enredo, excelentes interpretações. A lamentar apenas o fato de ser uma história real.
Angelina ganhará o Oscar como atriz. E se bobear, vai dividir a prateleira com uma estatueta do marido, Brad Pitt, indicado em "O Curioso Caso de Benjamim... ".
Família premiada é outro papo!
Lá em casa, na prateleita só tem canequinha de Quermesse... rsrs
Ahahaha que isso Heitor... é tempo de Oscar e cada análise dessas acelera a discussão. Parabéns pelo texto! Abraço
Postar um comentário