Vivo Demais para Renascer

Uma recente informação do mundo do futebol deve ser analisada de forma mais ampla por demonstrar um pouco do comportamento humano na sociedade atual.

Ela diz respeito a uma proposta astronômica pela contratação do jogador Kaká. O brasileiro, ao contrário da maioria dos seus companheiros, já nasceu com uma condição financeira favorável e, ao entrar no mundo da bola, pôde priorizar sua carreira ao invés de correr nos braços de altas cifras.

Neste início de temporada, o astro do Milan recebeu a oferta de 200 milhões de libras esterlinas (cerca de 700 milhões de reais) para trocar sua vitoriosa carreira num dos maiores clubes do mundo por uma aventura no Manchester City, clube inglês administrado por um  bilionário grupo de investidores árabes que decidiu “se divertir” no futebol, tentando transformar um time medíocre no grande vencedor europeu/mundial.

Kaká recusa a transferência, garantindo que o dinheiro não o fará modificar seu projeto de vida: ser ídolo na Itália, fazer história no Milan e titular da seleção brasileira. Logicamente que ele só negou o contrato por já ser uma pessoa milionária, mas vale a observação: diante de uma sociedade onde sucesso só é reconhecido pela gordura de uma conta bancária, Kaká preferiu seguir com suas convicções, diferente de astros como David Beckham [recebeu milhões para jogar no ridículo Campeonato Norte Americano], Robinho [caiu nas tentações do City] e tantos outros que trocam seu futuro vencedor pelos petrodólares árabes.

Quem não deve ter gostado muito desse desprezo ao dinheiro foi um certo casal aleluia. 10% de 700 milhões mudam a vida de qualquer um.

Mas Kaká fez o certo. Está vivo financeiramente e vivíssimo dentro de campo para tentar um projeto obscuro. Então, para quê renascer?

Heitor Mário Freddo