quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Mamãe eu quero mamar

Apesar de ser uma das mais criativas e inteligentes do mundo, a publicidade brasileira vem sofrendo a partir da última década restrições fortes, algumas com boas intenções, como a proibição de anúncios de fabricantes de cigarro ou de personagens infantis para marcas de cerveja, como fazia – e muito – a Brahma, alegando-se que produtos adultos causavam interesses precoce nos adolescentes e, principalmente, crianças.
A principal atitude tomada a favor desses “mini-cidadãos indefesos” foi proibir a veiculação de produtos de uso exclusivamente infantil em rádio e televisão, sendo obrigatório que toda propaganda seja focada para crianças maiores de 12 anos. O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-MG) pretendia com esse projeto ser a salvação de famílias de classes baixas que conviviam com crianças dizendo, a cada intervalo da Xuxa e do Bom Dia e Cia, “Pai, me compra esse brinquedo”. Não chegou nem perto disso.
Sem as empresas fabricantes de brinquedos, seria impossível sustentar um programa infantil em televisão aberta, exceção feita à TV Cultura, que recebe financiamento do Governo do Estado e é administrada pela Fundação Padre Anchieta, ou seja, não vive da venda de patrocínio. Embora estimule o consumismo, as empresas de comunicação sobrevivem dentro do modelo comercial de mídia brasileira. Azar da educação.
Mas a informação mais recente sobre publicidades infantis me deixou muito encabulado. A Promotoria da Justiça do Consumidor, um órgão do Ministério Público Federal, investiga possíveis irregularidades em campanhas destinadas a crianças de até 12 anos de produtos da Kellog e Nestlé.
As fabricantes de cereais são acusadas por estratégias de marketing que utilizam brindes, promoções, personagens do mundo infantil e apelos diversos que exploram a inexperiência da criança e, por isso, configurando publicidade abusiva, informações nutricionais inadequadas nas caixas dos produtos, condicionamento da obtenção de brinquedos a do produto e estímulo ao consumo excessivo de cereais matinais, o que pode levar à obesidade.
Ao ler tal descrição, pensei que se tratasse do Mc Donalds. A “grande indústria do sabor” foi responsável por trazer ao Brasil – pelo menos em tais proporções – a associação de comidas gordurosas com brinquedos super modernos. Foi a rede mundial de Fast Foods quem trouxe personagens da Disney para dentro das caixinhas de Hambúrgueres e Coca Colas, batizando tal bomba calórica de Mc Lanche Feliz. Quer maior exemplo de manipulação do público infantil e consequente obesidade? Mas até o momento, o Ministério Público não se pronunciou contra essa prática. E quem vai brigar com uma marca dessas?
Quem já viu uma caixa do popular Sucrilhos “recheada” com bonecos do filme do mês sabe que de fato a estratégia existe, mas se um cereal matinal receber punições por estimular o “consumo abusivo de um produto de leva à obesidade”, o que deveria ser feito então com a Turma do Ronald? Fuzilamento, Cadeira Elétrica e Exílio, talvez.

PS: Só para complementar a informação. No inquérito são citados o Nescau, Snow Flakes, Estrelitas e Crunch, da Nestlé; e Sucrilhos, Choco Krispis, Froot Loops, Chokos e Honey Nutos, da Kellog.

Heitor Mário Freddo

4 comentários:

Anônimo disse...

Realmente é um problema muito grande a questão do consumismo precoce. Não só a precocidade preocupa, mas também a dos adultos compulsivos. Penso ser uma covardia certos tipos de publicidade, principalmente àquelas que acabam sendo assistidas por crianças cujos pais não tem condições de comprar.
Compartilho um exemplo interessante: tempos atrás, eu estive no interior de Goiás, e numa fazenda isolada do mundo, sem eletricidade e muito menos vizinhos próximos, vivia o peão, a esposa e uma "penca" de filhos. A geladeira (a gás!) não tinha nenhum chocolate, yogurte, refrigerante ou qualquer guloseima, mas apenas produtos da terra. Perguntei se as crianças não tinham vontade de comer danoninho (pois estávamos com criança pequena que adorava danoninho). Simplesmente a mãe delas respondeu: não tem vontade, e nem mostre a eles, pois eles nunca viram isso aí. Aqui não tem televisão, então eles não passam vontade...

Imprensa Marrom e Cia disse...

"Apesar de ser uma das mais criativas e inteligentes do mundo..."

A que isso ta cheirando??? puxasaquismo de namorada!!! auahuaha
Fala sério em heitor, elogiar um sub curso como PP?
:P
Brincando...

Esse é um problema realmente relevante, mas como vc msm disse: quem vai brigar com o Mc donald's? Ou com a coca-cola? São empresas mto grandes, auto-sustentáveis, e até mesmo importantes para a economia. Infelizmente a regra continua sendo a msm: ganha quem tem mais dinehiro.

Beijoca
Cá Reis

Anônimo disse...

Nossa, realmente linda a sua história Rafael.

E Cah... que maldade com os publicitários! Só pq eles serão nossos funcionários?

Hahahaha

Anônimo disse...

expliquem oque essa imagem quer passar para o publico