terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Rodando e perdendo o equilíbrio

Para qualquer pessoa, jornalista ou não, o Roda Viva é um dos mais respeitados programas de entrevistas da história da televisão brasileira. Ele é referência para estudantes interessados em conduzir uma entrevista – com ampla variação de estilos para abordar o entrevistado – e para o telespectador interessado em ver um programa sério e ético.
Mas o momento atual não é nada empolgante. O Roda Viva, apresentado pela TV Cultura de São Paulo (e TV Brasil para todo o território nacional), não perdeu ainda esse carisma, nem sua audiência – que nunca foi maior do que dois pontos no Ibope –, mas está tornando-se um produto nada interessante e pouco preocupado em debater o que realmente é de interesse público em seu atual formato.
Isso não sou eu quem digo, mas a apresentadora Lilian Witte Fibe. A jornalista, mediadora desde junho do ano passado, pediu à direção para sair do programa por estar insatisfeita com o nível dos convidados. “Os entrevistados estão pobres. Quem está sentando naquela cadeira não tem nada a dizer ao telespectador. Fico com vergonha. Aquilo lá está um sonífero. Nem o Markun consegue assistir", disse. Declarações corajosas, não? Pois não parou nisso. Em entrevista ao Estaão, ela exemplificou.
“O Valdemar Setzer (professor titular da USP) tomou 1h30 do telespectador para dizer que é contra computador para crianças e adolescentes. E em ano de eleições (2008), não fizemos uma entrevista política! (...) E para uma época de depressão mundial, mal abordamos economia.”.
Paulo Markun, presidente da Cultura, contratou Lilian com a promessa de que faria melhoras, isso porque antes de assumir o cargo era ele próprio quem comandava a atração semanal.
Em nota oficial, a direção da emissora aceitou o pedido de saída da jornalista, ou seja, o Roda Viva continuará nesse mesmo caminho, mas com outra pessoa nessa função. O nome mais forte é o de Heródoto Barbeiro, um gênio do jornalismo que certamente não assumirá o comando de uma barca furada. Se aceitar, será ainda mais crítico que sua colega.
A atitude de Lilian Witte Fibe é um exemplo para qualquer jornalista: uma profissional com a carreira consolidada, com seu nome feito, que não se contenta em levar uma informação fútil ao seu público. Acomodamento é um termo que não faz parte da história de um bom jornalista.


Heitor Mário Freddo

2 comentários:

Imprensa Marrom e Cia disse...

Esse é o texto de número 200 do nosso blog.

Parabéns Equipe Imprensa Marrom e muito obrigado a você que nos acompanha.

Rumo aos 2.000

Heitor Mário Freddo

Thiago Batista disse...

Primeiro Heitor, calma vcs tem que chegar a 1.000 textos, para empatarem com o Romário.
Segundo o Roda Vida era um bom programa até a saida do Paula Markun. Agora realmente a qualidade caiu. Não sei se era ou é um bom programa para assistir.
Mas concerteza com convidados de nível inferior o programa tem muita mais qualidade que os Big Brothers da vida.