
Contando com dois repórteres – Oscar Filho e Felipe Andreoli – a equipe do CQC escolhe uma figura política extremamente mal quista pela grande população e faz um teste de cidadania e conhecimento do que acontece em nosso país.
Enquanto um dos “homens de preto” entrevista as pessoas pelas ruas de São Paulo, o convidado está dentro de uma van acompanhando todos os ácidos comentários e acusações. Ao fim, o repórter questiona se tudo o que foi dito seria repetido em uma oportunidade “cara a cara” e sempre recebe uma resposta positiva. Até que a figura sai do esconderijo e aguarda a repetição de tudo o que ela já acompanhou.
Na re-estreia dessa segunda feira – que por sinal bateu recorde de audiência, marcando 6 pontos no Ibope e colocando a emissora em terceiro lugar durante o horário – o escolhido não poderia ser melhor: Paulo Maluf.
O quadro mostrou o quanto a opinião pública é manipulada facilmente, seguindo sempre alguma tendência, simplesmente engolida e nunca raciocinada.
A pergunta era simples: o que você acha dos políticos brasileiros. As respostas eram sempre iguais, alegando que todos eram corruptos; ao pedir um exemplo, Paulo Maluf quase sempre vinha a tona. Pronto, chegamos ao senso comum, exatamente o ponto que o quadro tenta atingir.
Enquanto a conversa é algo informal, o senso crítico do eleitor está apuradíssimo: Maluf é um corrupto, ladrão, enganador, desviou dinheiro público e merece o inferno. Bastava o personagem aparecer em sua frente, porém, para o lobo virar carneirinho. Pior, menos de um minuto depois daquele velho discurso – eu criei a Faria Lima, a Jacu Pêssego, o PAS, o Leve Leite... – para o Judas transformar-se em Messias.
Além da velha conhecida malandragem do ex prefeito de São Paulo – um dos maiores “sabonetes” da nossa política –, sua “simpatia” e argumentação inibem os críticos, que sempre eram recebidos com abraços e contra ataques. Ao fim da matéria, o ex padrinho de Celso Pitta parecia ter mais alguns votos na próxima campanha.
É óbvio que Maluf tem envolvimentos com escândalos de corrupção, liderou verdadeiras quadrilhas e tudo o mais que está “na boca do povo”, o problema é que a grande maioria das pessoas seguem a opinião e os argumentos de algum formador, sobretudo na imprensa, e defendem bandeiras que nem sabem por que carregam. Em resumo, são como aquele velho doce biju: se apertar se esfarela facilmente, já que não têm o menor conteúdo.
Paulo Salim Maluf não é, de maneira alguma, uma pobre vítima da manipulação pública, mas muita gente não tem ideia das razões pelas quais ele é tão demonizado – algumas chegam ao extremo de elegê-lo. Mas assim como esse espectador nada crítico é facilmente levado por um senso comum negativo, também o será tão rapidamente para o positivo.
Infelizmente, o eleitor brasileiro continua sendo parte da “Turma da Marola”, ou seja, a onda leva na direção que tiver mais força, sem encontrar a menor resistência crítica.
Por outro lado, alguns até conseguiram manter uma base sólida de motivos para achá-lo um câncer da nossa política, mas ao encará-lo simplesmente desafinaram. Para esses, a situação é ainda pior, já que ele detém da informação, do bom senso, mas simplesmente o despreza, não tem coragem de expressá-lo, mostrando o marasmo de incompetência para a cobrança das últimas gerações, o medo do confronto, num verdadeiro ato de covardia e desapego aos seus direitos.
Vamos aguardar os próximos exemplos desse que é um dos mais inteligentes momentos recentes da televisão, dentro de um programa que faz um grande favor ao Brasil: mostrar ao jovem que se o país está dessa maneira é porque ele também faz a sua parte na hora de votar e no seu desinteresse pelo que acontece ao seu redor.
Heitor Mário Freddo
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