quarta-feira, 11 de março de 2009

Respeito pelo Medo

Todo o torcedor tem o direito de, ao pagar seu ingresso, cobrar sua equipe dentro de uma partida esportiva. Como bons brasileiros, levamos o futebol mais a sério – quase como uma religião – e estamos sempre no calcanhar dos dirigentes de nossos clubes – aqueles que acham-se donos deles. Tudo isso é perfeitamente aceitável e até saudável, mas existe um limite tolerável que há muito tempo já foi superado.
Em geral, foram as torcidas organizadas quem passaram desse ponto, sempre presentes em momentos de crise não somente nas arquibancadas – seu lugar de direito – mas principalmente dentro do clube, ameaçando jogadores, técnicos e diretores sem, no entanto, encontrarem a menor resistência. Sua palavra é muito forte, representa um importante aliado político e, principalmente, impõe medo pela força física.
O caso da semana chega a ser ridículo pelas suas causas. Normalmente os “torcedores” se revoltam após derrotas vergonhosas, falta de empenho ou incompetência, mas ontem integrantes da Torcida Jovem Santista invadiram o CT Rei Pelé em Santos para protestar contra as “terríveis” declarações do zagueiro Fabiano Eller.
Neste Campeonato Paulista, a equipe tem mandado jogos no estádio do Pacaembu, na Capital, para atender aos torcedores de fora da sua cidade sede, atitude muito elogiada e lucrativa. O jogador santista, no entanto, ao ser perguntado, respondeu preferir jogar na Vila Belmiro, já que o estádio do Peixe, por si só, intimida o adversário.
Pronto, a fala já foi suficiente para o grupo protestar – em uma plena terça feira à tarde de trabalho – contra a “absurda” declaração, já que a sede da uniformizada fica em São Paulo e essa nova política facilita o transporte e barateia os custos da Torcida Jovem. Parece até piada.
Hoje o treinador Vagner Mancini, em entrevista coletiva, defendeu seu atleta, mas colocou um ponto final no assunto.
“Essa opinião é compartilhada por quase todos os jogadores. Afinal, eles moram em Santos. Saem dos jogos na Vila e chegam rapidamente em casa. Além disso, os atletas consideram o gramado do estádio alvinegro bem melhor que o do Pacaembu. Mas vamos colocar uma pedra sobre essa assunto. Nós vamos jogar onde for determinado pela direção. Se mandarem a gente jogar no Maracanã, a gente vai lá e joga”, comentou.
O mesmo “respeito” que a torcida organizada corintiana possui dentro de Parque São Jorge na administração de Andrés Sanches (leia Nas asas de um Gavião), a Torcida Jovem tenta impor há muito tempo na Vila Belmiro.
E depois ainda pedem tolerância, tentando se passar como inocentes coitadinhos.

Foto: Um dos distintivos – não oficiais – da Torcida Jovem do Santos, estampado em muitas camisas de “torcedores”. A imagem fala por si só.
Heitor Mário Freddo

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse é o meu texto de número 97 no Blog!

Rumo ao 100!

Vida longa ao Imprensa Marrom & Cia

Rafael Porcari disse...

Heitor, vai passar de 100, 1000, 10000 fácil fácil... parabéns!
A propósito do texto e da figura, essa imagem não é apologia ao crime? Se fôssemos um país sério, os repsonsáveis seriam impedidos de usar tal imagem.