O brasileiro já está acostumado a ver seus ídolos pela televisão, e mais do que isso, a ver as grandes promessas de seus clubes serem vendidas antes mesmo de um ano como profissionais, ou pior, sem nem ao menos subirem dos juniores. Mas pior do que isso é vermos brasileiros defendendo outras seleções.O mais novo caso é dos irmãos gêmeos Fábio e Rafael. A dupla idêntica de apenas 19 anos é a nova sensação do Manchester United, atual Campeão Mundial e que já contava com Rafael nessa conquista.
Cada um deles joga por uma lateral: Rafael pela direita e Fábio pela esquerda, embora ambos sejam canhotos. Até aí, tudo ótimo, sorte do Brasil pela tranqüilidade em um futuro próximo nessas posições carentes desde a saída de Cafu e Roberto Carlos.
Mas os “Da Silva”, como são carinhosamente chamados pelos Reds, podem tomar outro rumo na carreira.
A Confederação Portuguesa de Futebol pressiona os jovens quase que diariamente para que eles vistam a camisa grená daquele país. Isso não seria difícil, já que ambos possuem cidadania portuguesa – por conta do avô paterno, nascido por lá –, algo que facilitou a aquisição do visto de trabalho na Inglaterra.
Rafael e Fábio já participaram das categorias de base da Seleção, com títulos dos sul-americanos sub-15 e sub-17, além da participação dos Jogos Pan-americanos de 2007 no Rio de Janeiro. Isso inviabilizaria uma “mudança de pátria”, porém, a lei é diferente para pessoas com dupla nacionalidade.
Para um jogador poder defender uma outra seleção, ele precisa manifestar sua vontade antes dos 21 anos e não pode ter sido convocado para a equipe principal de sua pátria de origem. Isso significa que apenas um “sim” basta.
Não bastasse a tentação de jogar Eurocopa e Copa do Mundo em uma Seleção competitiva e ao lado do melhor do Mundo, Cristiano Ronaldo – embora Portugal corra um sério risco de não se classificar em um grupo fácil, em que está atrás da Dinamarca (classificada direta) e Hungria (vaga na repescagem) – os lusitanos tem um lobista muito influente tentando lhes fazer a cabeça: Alex Ferguson.
Em entrevista recente à Revista PLACAR, os gêmeos afirmaram que o treinador do Manchester United pressiona-os a mudarem seus rumos.
“O Alex Ferguson acha que devíamos aceitar. Ele fica em cima da gente dizendo: ‘O Queiroz [Carlos Queiroz, técnico de Portugal, ex auxiliar de Ferguson] me ligou perguntando por vocês.’ O Queiroz continua nos ligando direto. Não digo que nunca pensei no assunto, mas agora não me vejo fazendo isso”, diz Fábio. O lateral esquerdo.
Fosse no tempo de Luiz Felipe Scolari, com Portugal em condições de brigar pelo título – ficou em 4º na Alemanha em 2006 – e a situação seria outra, bem mais favorável à troca.
Mas isso não é exclusivo aos irmãos. Amauri continua com “um pé em cada canoa”, divido entre a esperança de Dunga convocar o melhor matador do Campeonato Italiano – com a camisa da Juventus – ou se naturalizar pelo país e defender a Azzura.
Em 2005 quem passou por isso foi Daniel Alves, atual titular da Seleção na lateral direita, que possui a nacionalidade espanhola – ele joga no Barcelona – e recebia convites para defender a Fúria. Foi a DBF quem interferiu na negociação, acionando a Fifa e justificando o investimento com um lugar cativo na seleção.
Agora, uma tese que levanto e que não duvido que se torne realidade, mas repito, é uma teoria da minha cabeça.
Grafite é o artilheiro isolado e de longe o grande destaque do Campeonato Alemão. Defendendo o atual líder Wolfsburg – com três pontos a mais que o tradicional Bayern –, o brasileiro marcou 22 gols em 19 jogos e recebeu no mês passado o troféu de melhor jogador da competição.
Não digo para agora, mas para uma Eurocopa 2012, naturalizar Grafite seria mais do que obter um artilheiro para a Alemanha: seria uma jogada política, mostrando um negro que “virou” alemão, mostrando ao mundo que o país superou os preconceitos do passado.
Se a teoria virar realidade, lembrem-se que fui o primeiro a levantar a hipótese.
Heitor Mário Freddo
Um comentário:
Heitor, Ashamoa foi o primeiro negro a jogar na Alemanha, mas ele era filho de Ganês com mãe Alemã. Grafite de fato seria o primeiro negro brasileiro naturalizado a jogar (se bem que Paulo Rink debutou nessa lista, embora seja branco)
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