Lula Tipo Exportação

No último domingo chegou ao fim a 5ª Cúpula das Américas, reunião em Porto of Spain, capital do Trinidad e Tobago que tinha por objetivo traçar planos para a integração econômica dos países latinos com os Estados Unidos, agora sob o comando de um homem extremamente carismático.
Mas em meio a apertos de mão entre o líder do “centro imperialista” e os chefes “populistas e anti democráticos”, como ambos adoram se “xingar”, presente de Chávez a Obama e toda a politicagem envolvida, nada de concreto ficou resolvido.
Para um texto final, era necessário um consenso entre os participantes, algo que não ocorreu justamente por divergências dos norte americanos com os integrantes da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas, que conta com as controversas Venezuela, Bolívia e Nicarágua) em dois pontos fundamentais: sobre o embargo econômico a Cuba – os aliados de Fidel reivindicam o fim imediato enquanto Obama afirma que isso só ocorrerá após mostras de liberdade política e de expressão na ilha caribenha – e nos caminhos escolhidos para solucionar a Crise Econômica.
O texto foi assinado pelos 32 participantes, mas houve ressalvas de vários.
Para nós brasileiros, no entanto, uma entrevista do Presidente Lula certamente tornou-se bem mais interessante do que as discussões em vão.
Em entrevista ao Jornal argentino La Nación, Lula comentou sobre a disputa esperada entre Dilma e Serra e sobre seu futuro após deixar o Palácio do Planalto, desbancando alguns teóricos que ainda insistem em afirmar que o petista “dará um golpe” e conseguirá concorrer a um terceiro mandato.
Sobre a sucessão disse que o Brasil é um “privilegiado” pelas características dos candidatos à presidência.
"Se os candidatos forem Dilma, Serra e Ciro [Gomes, do PSB], também será um luxo. O mesmo também se estiver [Aécio] Neves [PSDB]. [...] E isso porque não vejo nada de direita aí [nesses candidatos]. Vejo companheiros de esquerda, de centro-esquerda, progressistas. Isso é um avanço extraordinário para o Brasil."
Vale lembrar que embora o PSDB seja um partido da corrente da social-democracia, seu grande aliado é o Democratas, partido que nada mais é do que o coronelismo do PFL e toda sua direitisse disfarçada em uma embalagem bem mais simpática.
Lula também falou que não pretende continuar em cargos políticos depois de 2011, mas não deixará sua militância por “um mundo mais justo”.
"Eu gostaria de trabalhar, e muito, com algum tema da América Latina, de integração. Também na África, a parte do mundo mais esquecida, economicamente e tecnologicamente falando. Quero ver se posso ajudar de alguma maneira. Não tenho a menor preocupação com o que vou fazer, recebi muito do povo."
Com a popularidade tão em alta – até o desenho South Park reconheceu isso e incluiu nosso mandatário em um de seus episódios –, Lula deixará de ser um homem forte no Brasil para tenta ser tornar um grande líder mundial.
Desejamos toda a sorte do Mundo a ele. Mas até o ano que vem, presidente, ainda tem muita água para rolar.

Heitor Mário Freddo