quinta-feira, 16 de abril de 2009

Rumo ao Framboesa

Eu tentei ao máximo evitar utilizar uma frase preconceituosa, mas não consegui. O pensamento sempre vem à tona: hoje em dia qualquer um está tendo sua história transformada em filme.
Lógico que ao dizer qualquer um não desmereço os personagens reais, mas coloco em dúvida o quão aquela pessoa fez de importante para ter sua “heróica” trajetória filmada, enquanto figuras ímpares ficam na fila de espera.
A nova cine-biografia será "Os Sonhos de um Sonhador - A História de Frank Aguiar", que retratará sua história desde sua saída de Itainópolis, no interior do Piauí, até a chegada em São Paulo, em 1992, antes de se tornar uma “celebridade”, portanto.
O “cãozinho dos teclados” será interpretado por Gustavo Leão, ator global com participações de destaque nas novelas “Paraíso Tropical” e “Beleza Pura”. Em entrevista à Folha On Line ele defendeu o filme e seu personagem.
"A história dele traz uma mensagem legal de um artista brasileiro que correu atrás dos sonhos e conseguiu realizá-los. No Brasil se costuma dar muito valor ao ídolo que é atleta e não àquele que é artista popular".
Em parte o ator está certo, mas os tão idolatrados atletas raramente ganham tamanha homenagem. Pelé tem um ótimo documentário, mas nada foi produzido sobre Ayrton Senna, Oscar Schmitd, Hortência, Gustavo Borges, Gustavo Kuerten, Zico, Romário, Nelson Piquet. Um argumento a menos para o filme do atual vice prefeito de São Bernardo do Campo e ex deputado federal Frank Aguiar.
Nada contra a história do cantor de forró, que deve ser muito bonita, mas o cinema brasileiro, embora viva uma boa fase de bilheteria, sofre muito com a ausência de publicidade.
Essa produção certamente levará grande público às salas. Isso converte em altos patrocínios, o que diminui a possibilidade de produções mais anônimas – e com todo respeito mais sérias – de chegarem às salas.
O princípio dessa onda de biografias musicais foi 2 Filhos de Francisco, sobre a história de Zezé di Camargo e Luciano. A diferença é que o filme é lindo e a dupla, goste ou não, é conhecida por todos os brasileiros, além de ter uma carreira regular nos países vizinhos. Frank Aguiar mal é conhecido em nosso país. Depois, vieram Cazuza, Renato Russo e Tim Maia – ambas em produção – e a história do Presidente Lula.Um pouquinho mais gabaritados, digamos.
O filme tem direção de Caco Milano e produção executiva de Marcelo Barbosa, filho do diretor de novelas Benedito Ruy Barbosa.
As últimas cenas terão participações especiais: o próprio Frank Aguiar e ele, nosso mais querido pingüim de geladeira que só faz pontas mas não recebe programas, Chico Anysio. Que triste fim de carreira para esse gênio do humor a Globo está preparando.
E aguarde. O próximo passo é assistirmos cinebiografias de ex BBBs, da moça de invade nua uma sessão no congresso ou da pichadora da Bienal.
Enquanto isso, o filme de Sílvio Santos não sai do papel.

Heitor Mário Freddo

4 comentários:

Eric Rocha disse...

Mais um absurdo do nosso cinema. Como você bem disse: a história dele deve ser bonita, mas tem gente na fila. Aliás, como tem!

Thaís Miranda disse...

e preparem-se: ainda vem por aí "Rita Cadillac – A Lady do Povo"!!
pois é...

(ah, nem mencionei a versão cinematográfica do livro do Paulo Coelho, "Veronika Decide Morrer", pq realmente não li, nem pretendo...)

Carina Reis disse...

Aii não tenho paciência msm para assistir.
Sinto muito Frank Aguiar.

ps: adoraria ver a história do Silvio Santos. Já disse e repito, o Silvio e o Maluf sãooo foda. Dois cretinos, mas dois cretinos cheios de lábia.

Biejoca

Heitor Mário disse...

O filme do Sílvio Santos está no projeto desde a segunda edição do seu livro - que por sinal é muit obom - A Fantástica História de Silvio Santos.

O filme começará com o cárcere privado que ocorreu em 2001 e a partir daquela tensã oele relembraria toda a história da vida dele.

O ator convidado para vivê-lo na fase adulta foi Edson Celulari, que inclusive aceitou.

O que falta é dinheiro.

Silvio Santos já disse que não irá patrocinar o próprio filme - com razão.

Por isso que disse que esse dinheiro poderia financiar projetos muito melhores, mesmo na área de cinebiografias.