terça-feira, 2 de junho de 2009

A crise, o chinelo e um sambinha


A ação de marketing mais recente das Havaianas, na televisão, trata de um tema diferenciado para os costumeiros da empresa, responsável por sempre apresentar comerciais irreverentes e na grande maioria engraçados. Dessa vez o humor não se saiu muito bem, pelo menos não para os que conseguem analisar o que eles realmente querem passar.
Na propaganda, o ator Marcos Palmeira participa, em um bar, de uma roda de samba com alguns amigos. O grupo, que tem como um de seus instrumentos uma sandália havaiana, é então interrompido por uma moça. A mulher adverte os rapazes que segundo ela estão rindo a toa em tempos difíceis, de crise, um assunto que deve ser tratado com seriedade. Logo em seguida ao discurso politicamente correto, a roda ignora totalmente o que acaba de ouvir e com tom de deboche recomeça a cantar.
Nada contra alguns amigos se divertirem em um bar, afinal o lazer é fundamental na vida de um ser humano, porém o que o comercial quer passar é que, independente do mundo estar em uma crise econômica, da pessoa não ter um prato de comida, dela estar ou não empregada, o importante é rir da vida e comprar havaianas.
A mensagem passada, mesmo com a crise já projetada para possíveis melhoras, retoma o erro cometido pelo governo a pouco tempo. Ainda que o objetivo da empresa seja a venda acelerada e a mesma não esteja nem um pouco preocupada com a população, mas sim com seus próprios lucros, o ato é um absurdo. Assim como Lula fez (assunto já tratado no blog), existe um apelo para o consumo sem levar em conta a situação difícil dos brasileiros, uma tentativa de demonstrar que a crise não afeta o país e, por fim, carrega consigo uma alienação para que as pessoas esqueçam a crise, cantem, tomem muita cerveja, e claro, sempre com um par de havaiana nos pés.

Para aqueles que ainda não viram, segue o link da propaganda no Youtube:

Francisco Valle

3 comentários:

Rafael Porcari disse...

Francisco, concordo contigo: alienação pura! - e que vende muito...

Unknown disse...

Eu concordo com a roda de samba do comercial. Por favor vá embora ativista chata e insuportavel, por favor va embora demagogias e diretrizes que nunca vão funcionar praticamente não só pela crise mas pela impossibilidade politca, va embora discurso de pobreza e que venha a ação que muda não o verbo que cansa.

Ps: Ativistas demagogos deveriam ser proibidos de sairem do abismo de onde vieram.

Francisco Valle disse...

Chipp .. nada contra uma roda de samaba, sou fã de musica de qualidade e manifestações desse tipo. O avaliado no texto é a atitude perante a informação da mulher, podia ser qualquer tipo de circunstâcia, fosse qualquer outro tipo de som ou atividade que os rapazes estivessem exercendo. Existe demagogia demais sim em todas as partes e sem julgar qual seria o ideal, a impossibilidade política se concretiza quando algo de fato da errado de forma clara e com latêcia para uma mutação que não acontece, pessoas passando fome seria um grande exemplo de impossibilidade politica, de algo que não funcionou. A política tem como um de seus objetivos organizar a sociedade para um desenvolvimento coletivo e não é o que vemos no mundo.
Quanto ao verbo cansar, realmente as vezes ele cansa, mas verbo e ação andam de mãos dadas, caso contrário não poderiamos acreditar no jornalismo.
O que acho q vc quis passar, me corrija se estiver errado, é que tem muita gente que reclama e não esboça qualquer contribuição para uma melhora, de fato isso é o que mais tem. Na minha opinião aqueles que sabem analisar e organizar as informaçõese e mesmo assim se escondem,independente de suas posições políticas, são piores do que aqueles que tomam suas atitudes políticas, muitas vezes erradas, sem "saber o que estão fazendo".
quanto ao termo "discurso de pobreza" que vc utilizou, não entendi muito bem.

abss

Fran