sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A eleição mais longa do Brasil


Embora Jundiaí tenha eleito em primeiro turno o prefeito Miguel Haddad do PSDB para um terceiro mandato (não consecutivo), as eleições estão muito longe de acabar. Após decidir por 7 vezes (6 por possíveis irregularidades diferentes e uma pelo “conjunto da obra”) que seus votos, juntamente com o vice prefeito eleito Luiz Fernando Machado (PSDB), deveriam ser anulados por conta de irregularidades ao longo da campanha, o juiz eleitoral regional Marco Aurélio Stradiotto conseguiu ontem causar um verdadeiro terremoto na política jundiaiense.
Durante toda a quinta feira, o prefeito da cidade não foi Miguel Haddad - que tomou posse no dia 1º de janeiro por meio de liminares que causam efeito suspensivo, mas não definitivo sobre a decisão do juiz de Jundiaí, sendo aguardado ainda julgamento em instância superior -, mas o presidente da Câmara Municipal, José Galvão Braga Campos, o Tico.
Na meia noite de quarta para quinta, Stradiotto oficiou prefeito e vice para deixarem imediatamente os cargos. A cidade seria então comandada pelo seu terceiro homem mais forte, como manda a Constituição, até que fossem realizadas novas eleições sem a participação da dupla no prazo de 20 a 40 dias.
Eu disse seria, pois durou menos de um dia o clima de que Jundiaí iria votar novamente. Pelo lado do PSDB, além de tentar salvar Miguel, ficou também a preocupação em achar um possível candidato, já que o nome natural para a emergência, o ex prefeito Ary Fossen, assumiu ainda esta semana o comando da sub-prefeitura de Perus, na Capital.
Pelo lado da oposição, pairou o silêncio público e a expectativa de que dessa vez a opinião do judiciário local seja seguida pelos tribunais com mais poderes. Quem sonhava com um segundo turno pode viver agora uma segunda chance, com os candidatos Pedro Bigardi (PC do B), Gerson Sartori (PT) e Vanderlei Victorino (PSOL).
Às 18h53 minutos, o juiz Baptista Pereira, do TRE, concederam mais uma liminar para que Miguel permaneça no cargo até que o TSE julgue o caso (o que não ocorrerá tão cedo, talvez em um ano). Enquanto isso, a cidade continuará com um prefeito mantido no cargo através de liminares, aguardando para saber qual será seu destino.
Se já é impossível para qualquer ser humano desempenhar seu trabalho tranquilamente com a pressão de não ter seu cargo garantido, pior ainda deve ser no mundo político, no qual além de trabalhar é preciso sempre ter jogo de cintura, fazer relações públicas, agenda lotada e tudo o mais. Ninguém, por mais preparado que esteja, conseguiria fazer um bom governo com uma “panela de pressão” dessas sobre o colo, e não será diferente em Jundiaí.
Haddad não terá tranquilidade para trabalhar e seu governo, até que seja definida sua situação, poderá ser no máximo regular. Depois do TSE, tudo pode acontecer, incluindo Jundiaí ter eleições para prefeito novamente.
A urna nem sempre é soberana.


Heitor Mário Freddo

2 comentários:

Imprensa Marrom e Cia disse...

Realmente complicado. Virou bagunça já. O pior é saber que, neste caso, por mais que haja justiça, a cidade de Jundiaí já está sendo prejudicada.

Eric Rocha

Anônimo disse...

Talvez o grande problema não seja "simplesmente" uma briga política, mas talvez uma perseguição pessoal.