terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Boicote ao PMDB


Na semana passada, o noticiário político foi tomado com a bombástica entrevista do senador pernambucano Jarbas Vasconcelos (foto) à Revista VEJA, na qual deixa bem claro aquilo que vemos no cenário brasileiro: os interesses do PMDB e o retrocesso que representa José Sarney presidindo o Senado.
Hoje tive contato com essas páginas amarelas e afirmo: cada frase soa como uma bomba para o Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Na segunda feira, a Rádio Jovem Pan entrevistou Pedro Simon, senador pelo Rio Grande do Sul, considerada uma das reservas morais na política nacional. E o ex governador gaúcho e um dos fundadores do antigo MDB não titubeou: confirmou tudo o que disse seu companheiro de bancada. O único problema dessas declarações é a data: a semana de carnaval.
Enquanto o noticiário está praticamente todo voltado às Escolas de Samba, trios elétricos e bonecos de Olinda, frases como “Sarney vai transformar o Senado em um grande Maranhão” são ignoradas pela população, que não percebe o risco que corremos com uma casa corrupta e inoperante.
Jarbas Vasconcelos tem 66 anos, sendo 43 dedicados à vida política, sempre no PMDB. Foi Governador de Pernambuco em dois mandatos consecutivos – de 1999 a 2006 – e desde o ano passado é senador da República. Em 1992, como prefeito de Recife, criou o “Programa Prefeitura nos Bairros”, que nada mais é do que o “orçamento participativo” que o PSDB garante ter criado. Em 2002, quando era Governador do Estado, foi convidado para ser candidato a vice de José Serra, mas recusou.
Pois esse homem, um dos mais respeitados dentro da legenda e de cuja história política ainda não apresentou em público nenhuma mancha, escancarou que o partido que comanda as duas casas de leis e é o principal aliado da base governista afirma que a maioria de seus colegas sobrevive e movimenta o partido por meio de corrupção. Acompanhe alguns trechos:

Eleição de José Sarney ao Senado
“É um completo retrocesso. A eleição de Sarney foi um processo tortuoso e constrangedor. Havia um candidato, Tião Viana, que, embora petista, estava comprometido em recuperar a imagem do Senado. De repente, Sarney apareceu como candidato, sem nenhum compromisso ético, sem nenhuma preocupação com o Senado, e se elegeu. A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador” [Nota: Sarney também é do PMDB]

Intenção dos senadores ao elegerem Sarney
“(...) isso reflete o que pensa a maioria dos colegas de Parlamento. Para mim, não tem nenhum valor se Sarney vai melhorar a gráfica, se vai melhorar os gabinetes.”

Renan Calheiros, atual líder da bancada peemedebista
“Ele não tem nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais para liderar qualquer partido. Renan é o maior beneficiário desse quadro político de mediocridade em que escândalos não incomodam mais e acabam se incorporando à paisagem.”

O PMDB
“Eu entrei no MDB para combater a ditadura, o partido era o conduto de todo o inconformismo nacional. Quando surgiu o pluripartidarismo, o MDB foi perdendo sua grandeza. Hoje, o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse. O partido pratica clientelismo, de olho nos cargos que lhe tragam prestígios”

Corrupção e clientelismo
“A maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção.”

Histórico
“De 1994 para cá, o partido resolveu adotar a estratégia pragmática de usufruir dos governos sem vencer eleição. Daqui a dois anos o PMDB será ocupante do Palácio do Planalto, com José Serra ou com Dilma Rousseff. Não terá aquele gabinete pomposo no 3º andar, mas terá vários gabinetes ao lado”.

Vamos pensar um pouco: o PMDB consegue tamanha força porque governos rendem-se aos seus pedidos, por conta de sua força política. Tamanho poderio se dá pelo fato do partido ter enorme representação nas casas legislativas, ou seja, sem esse apoio os governos não conseguem obter maioria em suas votações. Essa tamanha bancada se dá por conta do voto a cada representante, ou seja, o povo faz a máquina mover-se.
A única forma de encerrar-se esse ciclo vicioso é o eleitor ter consciência de que cada voto que dá a um candidato da legenda 15 faz toda essa quadrilha ser legitimada. Mesmo que seu voto seja a um homem íntegro, como Pedro Simon ou alguns outros que o PMDB possui, automaticamente ele ajudará a eleger algum corrupto.
Parte da solução está nisso: boicotar o partido, até que as pessoas sérias procurem outra legenda mais íntegra e que essa banda podre seja execrada da política brasileira.

Heitor Mário Freddo

Um comentário:

Luiz Gómez disse...

Prezado...

acabou de linkar seu blog em meu blog. Minha indignação com o PMDB extrapolou todos os limites. Acho que é hora da blogosfera se mover para iniciar um verdadeiro boicote ao partido. Eu irei fazer o que puder.