terça-feira, 3 de março de 2009

Coraline e o Mundo Secreto

Por si só, o trabalho que levou à sua produção já merece a atenção do público. Gravado em cerca de 18 meses, Coraline e o Mundo Secreto é a mais longa – com 100 minutos – e perfeita produção no padrão stop motion, cuja técnica de filmagem é uma sequência de fotos tiradas de um cenário todo construído por bonecos e cenários artesanais feitos por meio de massa de modelar. Para termos ideia, cada segundo é composto por 24 quadros, sendo cada mínimo detalhe de movimento fotografado. Esses quadros são montados em uma película, dando a impressão de movimento.
As mais conhecidas produções não por menos são filmes extremamente atraentes: A Fuga das Galinhas, A Noiva Cadáver, e ele, O Estranho Mundo de Jack, com roteiro de Tim Burton e direção de Henry Selick, que também dirigiu James e o Pêssego Gigante e prepara neste momento Here Be Monsters!.
Pois é Selick quem apresenta a nova aventura sombria Coraline e o Mundo Secreto, que se vence a todos por seu capricho, acabamento e perfeição, fica alguns passos atrás das obras citadas – sobretudo O Mundo de Jack e A Noiva Cadáver.
Dublada na versão original por Dakota Fanning (Guerra dos Mundos, O Amigo Oculto), Coraline é uma garota recém mudada para uma casa com mais de 150 anos, localizada em uma área pouco povoada por crianças e atividades interessantes, além de vizinhos extremamente excêntricos, como um dono de um “circo de camundongos saltadores” e duas senhoras candidatas – há muit otempo – a artistas. Suas únicas companhias são o “malinha” Wybie e o gato de rua que o acompanha. É ele quem, um dia, presenteia-a com uma boneca que é exatamente sua imagem, a “mini Coraline”.
Após o novo brinquedo – e, como veremos depois, graças a ele – a garotinha magrela de cabelos azuis e galochas, que já havia descoberto uma porta misteriosa, consegue entrar por ela, descobrindo um mundo alternativo semelhante ao seu.
Todos os habitantes desse mundo mágico eram uma “nova versão” de todos que conheciam, sempre mais agradáveis. As diferenças eram sempre positivas: Coraline tinha a atenção e os desejos realizados pelos pais – seu “sonho de consumo” –, presentes, companhias agradáveis e um Wybie mudo. A marca desse ciclo perfeito de convivência, porém, era extremamente intrigante: todos possuíam botões no lugar dos olhos.
Aos poucos, a terra perfeita começa a se mostrar perigosa. O marco é o pedido da Outra Mãe para que ela fique com eles para sempre, tendo como único sacrifício a implantação de botões na garotinha.
Mais detalhes estragariam sua sessão. Que fique claro, gostei bastante do filme, que pode ser considerado uma nova visão de Alice no País das Maravilhas, mas o andamento da história não atrai e prende tanto o público quanto seus “co-irmãos”. O roteiro é adaptado do livro Coraline, Neil Gaiman.
Aviso importante: evite assisti-lo com seu irmão pequeno, pois garanto que a “diversão” se tornará para ele uma tortura, com 100 minutos de puro terror e medo. Vide os pais acompanhados de crianças, que sempre tentavam desviar sua atenção das telas.
E não deixe de prestar atenção em detalhes como sombras, movimentos do corpo, balanço de cabelos e até aos merchandisings da Volkswagen e da Motorola.
Coraline e o Mundo Secreto é um filme de gente grande.

Heitor Mário Freddo

Um comentário:

Carina Reis disse...

Adoro filmes que todos pensam que é infantil mas que tem muito significado.

Beijos Hector