
Para ser eleito, porém, Collor precisava de uma maioria em uma possível votação. O Partido dos Trabalhadores lançou, então, a catarinense Ideli Salvati. Por meio de um acordo informal no Senado, todas as votações para tais cargos eram resolvidas nos votos “de bancada”, ou seja, cada líder daria seu voto de acordo com o que seus pares seguissem, sendo 1 voto para o PT, 1 voto para o PMDB, 1 voto para o PSDB, 1 voto para o Governo, 1 voto para a minoria e assim por diante.
Fosse seguido esse acerto no velho estilo ”fio do bigode”, Collor não teria votos suficientes para se eleger, já que apenas 3 partidos o apoiavam: PMDB, PTB e DEM.
Problemas para a turma de Sarney? De maneira alguma. Numa das mais claras jogadas antidemocráticas da história do Congresso, os apoiadores de Sarney decidiram modificar as regras. O líder do PMDB coordenador da campanha Sarney – conterrâneo do presidente e novo homem forte do partido – Renan Calheiros escalou aliados para integrar a comissão de última hora, com o objetivo de garantir votos para Collor. O líder peemedebista substituiu os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO) por aliados considerados mais "fiéis" ao peemedebista, como Wellington Salgado e Almeida Lima (PMDB-SE).
Mais: ao invés de seguirem os costumes, os aliados de Collor impuseram que a votação fosse individual, alegando que “se no plenário votamos assim, temos se seguir esse modelo”.
Resultado: com 13 votos a 10, Fernando Collor de Mello é o novo presidente da Comissão de Infraestrutura no Senado.
Nunca esse cargo foi tão importante, em meio a um alto investimento no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), descoberta de novas tecnologias para captação de energia e os caminhos que o governo terá que seguir para poder explorar as descobertas de petróleo da camada do pré sal.
Ideli promete ser, depois de “renegada”, uma presença marcante no grupo, já demonstrando que hoje mesmo que não deixará Collor descansar no cargo. O Ministro de Minas e Energia Edison Lobão – outro afiliado de Sarney – estipulou para até o dia 12, quinta feira que vem, para que o Senado discuta, proponha e discorde dos novos projetos federais, que irão utilizar de forma mais intensa a energia eólica, investindo uma grande quantia do orçamento para isso.
A senadora entrou com o requerimento para exigir que o assunto seja posto em pauta; caso contrário, a casa não participaria da discussão, já que nossos nobres representantes simplesmente haviam esquecido do tema.
Mais tarde, em seu discurso em plenário, a petista lamentou os rumos encontrados pelo PMDB para conseguir manter seus acordos, falando diretamente ao presidente da Casa. Sarney, no alto de sua honestidade, garantiu que não concordou e repudia a prática de seu partido. E nós acreditamos, presidente.
A política brasileira deu mais alguns passos para trás. E “fio do bigode” agora, só se for o de José Sarney.
Heitor Mário Freddo
Um comentário:
Falta de ética do Sarney e do Collor?
Magina, duas criaturas das mais honestas, se fossem candidatos eu votava neles!
uahauha
Beijos
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