domingo, 12 de abril de 2009

Lei ne regrette rien

Édith Giovanna Gassion, a lendária Édith Piaf! “Sua voz é como a alma de Paris”, já diziam os grandes artistas da época. Foi imortalizada no filme biográfico Piaf – Um Hino ao Amor (2007) de Olivier Duhan , em cartaz no canal Cinemax. A impressionante interpretação de Marion Cotillard, que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz ano passado, é imperdível. O roteiro traz um enlace perfeito de episódios descontínuos que marcaram a vida da cantora. A trilha sonora é intensa, totalmente emocionante. O longa é uma verdadeira obra de arte.
A grandeza da voz de Édith Piaf era proporcional aos dramas de sua vida. Suas intensas canções retratavam seus vícios e sofrimentos. Uma infância trágica, na qual foi abandonada durante uns anos pela mãe, aspirante à artista; com o pai ausente a serviço da França na Primeira Grande Guerra. O breve período vivido com a avó materna, só ajudou a debilitar mais ainda sua já frágil saúde; enquanto anos passados no prostíbulo da avó paterna, fizeram com que tivesse contato com as prostitutas, tornando-se uma. Devota assídua de Santa Teresa, desde que pediu a Ela que lhe devolvesse sua visão (havia ficado cega devido a uma infecção nas córneas, permaneceu nesse estado por uns dias). Tudo isso antes de completar dez anos de idade.
Com o fim da guerra, Édith e seu pai percorreram sem rumo a França, fazendo apresentações em pequenos circos e nas ruas. Enquanto ele se contorcia (não ria, tratava-se de um artista circense), a pequena cantava e já cativava. Aos 17, já se virava sozinha e ainda nessa idade teve uma filha com um garoto francês por quem era apaixonada. Porém a bebê morreu aos dois anos, de meningite. Todos esses infortúnios e dores delinearam sua forte personalidade.
Quem a tirou das ruas e iniciou sua carreira artística foi Louis Leplée, dono de um cabaré em Paris. Ensinou-a como se portar em um palco, mudou seu vestuário. Criou aí “La Môme Piaf”, ou Pequeno Pardal. Divulgou seu show pela cidade, as celebridades passaram a freqüentá-lo. Todo esse sucesso resultou na gravação dos dois primeiros discos. Mas não podia ser tudo perfeito assim na vida de Piaf. No ano seguinte, Leplée é assassinado e Édith é acusada de cúmplice. Claro que depois foi absolvida, o que não fez com que sua carreira deixasse de ficar em jogo com tanta publicidade negativa.
Para melhorar sua imagem, escolheu Raymond Asso, que trocou seu nome artístico para Édith Piaf. A carreira decolou e sim, eles tiveram um breve caso amoroso. Ele foi mais um entre vários. Dizem que o verdadeiro e único amor da déesse foi o pugilista francês Marcel Cerdan. Porém o romance durou não mais que um ano; o avião dele caiu em 1949, num vôo de Nova Iorque a Paris, onde o casal se reencontraria. O sucesso Hymne a l’Àmour foi cantado em sua memória.
A partir daí, a história de Piaf deixa de ter seus grandes momentos. Nos anos que se seguiram, soma-se a sua vida alguns casos, mais uma turnê pela América, gravação de outros dois sucessos (Millord e Non, je ne regrette rien), dois casamentos fracassados, um acidente de carro e agravamento em seu debilitado estado de saúde. Tudo isso “regado” a álcool e morfina (passou a aplicar várias doses ao dia desde a morte de Marcel, talvez na tentativa de “aliviar sua dor”). Môme Piaf morreu em 10 de outubro de 1963, aos 48 anos, em Grasse, na França. Seu corpo está enterrado no cemitério Père-Lachaise, em Paris. Seu túmulo é um dos mais visitados do mundo.

Patrícia Vergili

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