quarta-feira, 18 de março de 2009

Os Pós Candidatos

Existe vida política após as eleições. Embora a população, em sua maioria, só se interesse pelo tema no período de eleições, os atores do jogo das urnas trabalham – alguns apenas fingem – nos anos entre disputas.
É de fundamental importância que o eleitor continue na cola destes para entender o que de fato é proposta para governo e o que não passa de promessa; o que sai de seus pensamentos e ideologia e o que não passa de mero marketing. Um exercício desses evitaria, por exemplo, a confiança no Fura Fila de Paulo Maluf.
Por esse motivo, apresento o trabalho atual dos candidatos derrotados á Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2008, e os caminhos escolhidos pelo escolhido pela maioria, Gilberto Kassab.

Gilberto Kassab (DEM) – eleito em segundo turno com 3.790.558 votos, o equivalente a 60,1%.

O prefeito re-eleito tenta seguir seu plano de governo lançado à época de candidato, no qual inclui a educação como prioridade e o CEU (Centro Integrado de Educação) como meio para isso. No entanto, Kassab ainda não entregou nenhum novo Centro em 2009. O último foi o CEU Alto Alegre, em São Mateus, inaugurado em 2 de dezembro do ano passado.
Na época da campanha, Marta Suplicy fez sua campanha baseada no CEU Vila Formosa, para mostrar que Kassab “falava muito e fazia pouco”, mostrando que a obra não saía do “terrão. O prefeito garantiu que até março o prédio estaria pronto, mas até agora nada foi construído.

Marta Suplicy – derrotada em segundo turno com 2.452.527 votos, o equivalente a 39,9%.

Após a derrota, o nome de Marta foi cogitado para assumir a embaixada do Brasil na França, mas não foi concretizado. Atualmente a ex prefeita não exerce nenhum cargo público, articulando seu nome para candidatar-se a Governadora do Estado nas eleições de 2010. Seu principal concorrente dentro do PT é o ex Ministro da Fazenda Antônio Palocci (leia Palocci, Planalto, Palácio). Só apareceu no noticiário recentemente por conta de seu divórcio com o argentino Luis Favre.

Geraldo Alckmin (PSDB) – terceiro colocado com 1.431.670 votos válidos no primeiro turno, o equivalente a 22%.

Depois de causar um verdadeiro racha interno dentro do PSDB – parte o apoiou, parte apoiou Kassab, Geraldo Alckmin recebeu um cargo no Governo Serra: a Secretaria estadual de Desenvolvimento. Apesar de importante, a pasta não trás nenhuma repercussão popular, sendo que desde sua posse em janeiro (leia A volta do “maior abandonado”), raramente o ex Governador apareceu na mídia. A última informação do secretário data de 20 de fevereiro, quando inaugurou, ao lado de Serra, uma ETEC (Escola Técnica Estadual) em Monte Mor. A próxima será em Campinas e o pré candidato ao Palácio dos Bandeirantes deverá estar por lá.

Paulo Maluf (PP) – quarto colocado com 376.734 votos válidos no primeiro turno, o equivalente a 5%.

Eleito em 2006 como o mais votado do país, Paulo Maluf é Deputado Federal com cargo até 2010, quando deverá se candidatar novamente. Segundo dados do site da Câmara federal, o último projeto apresentado pelo ex prefeito foi em 11 de fevereir ode 2008, quando pediu um simples acréscimo à uma Medida Provisória, ou seja, em 2008 Maluf só fez discursos de Tribuna. Seu único projeto real em quase 3 anos foi uma proposta de mudança ao Código Penal, de modo a aumentar da metade a pena de quem comete homicídio contra policiais, agentes penitenciários , seguranças e magistrado ou membro do Ministério Público no exercício ou em razão da função. Fora isso, Maluf continua vivendo de suas obras à época de chefe do executivo (Como fez no quadro Fala na Cara do Programa CQC), e deverá utilizá-las como plataforma para se re-eleger ao cargo legislativo.

Soninha Francine (PPS) – quinta colocada com 266.978 votos válidos no primeiro turno, o equivalente a 4%.

Ex vereadora e ex petista, Soninha Francine é a mais nova integrante do time de Gilberto Kassab na Prefeitura de São Paulo. No começo do ano ela assumiu a sub prefeitura da Lapa, uma das mais importantes da Capital. Embora não tenha feito campanha para o democrata, a oposição amena feita durante o primeiro turno já dava mostras de que isso aconteceria. A escolha de Kassab causou grande ciumeira internamente.

Ivan Valente (PSOL) – sexto colocado com 42.616 votos válidos no primeiro turno, o equivalente a 2%

Deputado Federal com mandato até 2010, já apresentou 23 projetos de lei após sua derrota nas urnas e participa ativamente das investigações da Operação Satiagraha. Tem 100% de presença em plenário neste ano e participação em várias comissões. Apesar disso, raramente ganha espaço na imprensa.

Renato Reichmann (PMN) – sétimo colocado com 7.234 votos válidos no primeiro turno.

Empresário que ganha seus 15 minutos de fama a cada 4 anos, Renato Reichmann faz parte de um dos partidos que tenta fugir do status de legenda de aluguel. Com alguns eleitos – verdadeiros heróis da resistência –, o PMN segue fazendo campanhas e recebendo dinheiro do fundo partidário. Pessoalmente, o ex candidato deve estar suando ara reverter os valores declarados ao Tribunal Superior Eleitoral antes das eleições: possuía saldo bancário no Itaú de R$ 5,67.

Levy Fidelix (PRTB) – oitavo colocado com 5.518 votos válidos no primeiro turno

O jornalista, membro do partido que projetou Fernando Collor em seu retorno à política, continua acreditando em seu Aerotrem e utilizando-o como plataforma de campanha. Em 2010 ele volta para perder mais uma vez e evitar que seu partido seja extinto.

Edmilson Costa (PCB) - 4.300 votos válidos no primeiro turno

O comunista, que entrou na disputa de última hora, é professor universitário e doutor em economia pela Unicamp.

Ciro Moura (PTC) – 3.825 votos válidos no primeiro turno

O candidato assumidamente fanfarrão é presidente de seu partido e administrador de empresas. Em 2006, elegeu Clodovil Hernanes Deputado Federal, mas viu toda a esperança de altos voos de seu modestíssimo PTC terminarem após a mudança do estilista ao PR. Com sua morte, o partido volta a ocupar uma cadeira, a única na Câmara.

Anaí Caproni (PCO) – 1.656 votos válidos no primeiro turno

Presidente do Sindicato dos Carteiros de São Paulo, continua sua luta e sua eterna campanha ao lado do presidente Rui Costa Pimenta, cada vez menos votados.

Muito em breve eles voltarão, tentando passar a você toda a “garra e dedicação” com a qual trabalham pelo povo brasileiro. Olho neles!

Heitor Mário Freddo

Um comentário:

Wanderley Garcia disse...

Heitor, parabéns pelo texto e pela sacada. É importante sair da agenda e buscar verdades que estão aí e que a imprensa esquece de olhar.