domingo, 1 de março de 2009

Rivalidade inteligente

Hoje tem Santos e São Paulo pelo Campeonato Paulista, um clássico importante do nosso futebol e de grande rivalidade histórica. Mas não adianta, clássicos envolvendo o Santos sempre mobilizam muito menos as torcidas do “Trio de Fero” do que em confrontos diretos entre eles. A prova disso é que o noticiário, desde São Paulo e Corinthians, gira em torno do clássico da considerada maior rivalidade do estado – e uma das maiores do mundo, como divulgou um estudo da Federação Internacional da História e Estatística do Futebol recentemente – entre Palmeiras e Corinthians.
É bom ressaltar-se: as diretorias dos clubes estão sabendo muito bem promover o espetáculo, a começar pela sua mudança de local. Concordo com os críticos de que levar a partida da Capital para Presidente Prudente é um erro e um certo desrespeito com o torcedor, mas independente disso, o clube alviverde soube utilizar o peso do jogo para não só não pagar aluguel para utilizar o Morumbi como ainda vender a partida a uma cidade carente de futebol, tal qual um circo itinerante.
O Timão também lucra com isso. O dinheiro que seria repassado ao São Paulo foi direto ao clube, que se comprometeu a realizar o mesmo procedimento quando for o mandante nos próximos clássicos.
O segundo ato foi criar a expectativa de que Ronaldo finalmente faria sua estreia, o que seria um erro, já que dividiria todas as atenções com o seu grande rival – e uma derrota não desceria nada bem. Ficou provado que tudo não passou de um balão de ensaio, a fim de que os torcedores não esquecessem que o confronto estava próximo.
Mais recentemente, os presidentes reuniram-se para tentar um acordo publicitário para ambas as equipes, além de estipularem que o Verdão como mandante terá 60% do espaço das arquibancadas e 80% da renda. Além disso, um logotipo criado exclusivamente para essa partida estará estampado nas duas camisas e na bola do jogo.
A mais nova é também uma das mais curiosas: o jogo do próximo domingo marcará a estreia de uma espécie de Torneio Corinthians x Palmeiras. Um troféu acompanhará todos os confrontos entre as equipes, que terá sua posse até a próxima data. Depois de um número - ainda não estipulado - de vitórias, a posse se tornará definitiva.
Rivalidade não inclui inimizade, ódio ou guerra, mas a inteligência para conseguir ser melhor que seu adversário. Acordos como esses só fazem os clubes crescerem em profissionalismo.

PS: Aproveitando o tema futebolístico, uma informação. O Barueri desistiu de sua ideia inovadora de implantar um esquema com três técnicos com poderes iguais à frente da equipe. Estevam Soares, que comandava o Guaratinguetá, será o responsável por “colocar ordem na casa”. Para entender melhor o assunto, leia o ótimo texto Muito chefe para pouco índio, de Francisco Vale, na editoria de Futebol, escrito em 21 de janeiro.

Foto - Henrique marca o corinthiano Lulinha no único confronto entre as equipes em 2008. Deu Palmeiras, 1 a 0, gol de Valdívia.
Heitor Mário Freddo

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