sexta-feira, 13 de março de 2009

Sem Dormir em Cajamar II

A cidade de Cajamar – 42 km de São Paulo – é palco para um dos maiores golpes à democracia já vistos até hoje. Isso por conta de uma manobra ocorrida nas últimas eleições municipais do ano passado, e que até o momento não obteve a devida repercussão.
A história é a seguinte: o então prefeito da cidade, Messias Cândido da Silva (PSDB), era candidato do partido. O problema é que, segundo a constituição, o tucano não poderia disputar o pleito por já ocupar o cargo desde 2002 – quando substituiu o então prefeito Antonio Carlos Oliveira Ribas de Andrade, cassado e preso até setembro de 2008 por compra de votos –, o que configuraria, em caso de vitória, um terceiro mandato.
Apesar disso, Messias fez campanha em torno de seu nome, sem esclarecer, em nenhum momento, que sua candidatura era ilegal, sendo seus votos simplesmente desprezados na urna.
Ele tinha, porém, uma carta nas mangas. Na véspera do pleito – literalmente no dia anterior –, o prefeito renunciou à disputa, por meio de um pedido feito diretamente à juíza da 354ª Zona Eleitoral de Cajamar, Adriana Nolasco da Silva. Em seu lugar, concorreria seu próprio sobrinho, Daniel Ferreira da Fonseca, também do PSDB.
Sem avisar a imprensa e, principalmente, os eleitores, as eleições ocorreram naturalmente, com um dos casos mais vergonhosos já vistos: o eleitor que teclava 45, na intenção de re-eleger Messias, via aparecer na tela o nome de seu candidato, a foto de seu candidato, mas o voto era, automaticamente, transferido para o sobrinho.
Somente após as apurações o povo cajamarense soube que foi vítima de propaganda enganosa. A repercussão? Nenhuma. Críticas, protestos, manifestações de indignados cidadãos? ZERO.
A única voz em oposição ao ocorrido partiu do procurador regional eleitoral do TRE, Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, que levou o caso à Justiça.
Vitória certa para a democracia? Muito longe disso. O prefeito “eleito” Daniel Ferreira da Fonseca já venceu os processos que corriam na vara municipal e no Tribunal Regional Eleitoral. O pedido de anulação chega agora ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas a situação já garante mais uma vitória.
"Está tudo dentro da lei e os votos dos desembargadores do TRE provam isso. Não concordo com a opinião do procurador", ressaltou o chefe do Executivo em entrevista ao Jornal de Jundiaí.
Que democracia confiável, hein?!

PS – Para entender melhor, veja o “me engana que eu gosto” feito em torno da candidatura de Messias, sempre considerada dentro da lei.
http://www.cajamarnet.com.br/?exibe=texto&id=1003

PS2 – Título extraído - e em homenagem - ao texto Sem dormir em Cajamar, de Patrícia Vergili, moradora da cidade, mas eleitora em Jundiaí.

Foto – O ex Prefeito de Cajamar Messias Cândido da Silva (esq) e seu substituto – e sobrinho –, Daniel Ferreira da Fonseca, ambos do PSDB.

Heitor Mário Freddo

Um comentário:

Rafael Porcari disse...

Que absurdo! Confesso que não sabia que a situação política em Cajamar estava assim. Acima de ilegal, Imoral! E uma pergunta? Por que as mídias de Jundiaí, vizinha de Cajamar, não repercutiram? Ou, se repercutiram, não foi como devia...